Jesus não
ensinava mais na sinagoga, e sim junto ao lago, ele muda o enfoque ortodoxo empregando
métodos inusitados. Estava ansioso para tirar as multidões de homens e mulheres
simples para fora de seu contexto convencional na sinagoga e levá-los ao ar
livre, bem como a pregação e o ensino religioso.
O
método que Jesus escolheu foi falar às pessoas por meio de parábolas. O
significado literal de parábolas é “algo lançado ao lado de outra
coisa”; quer dizer que uma parábola é, basicamente, uma “comparação”,
É um “relato terrestre que tem um significado celestial”.
A parábola do semeador ajudou os discípulos a entender por que Jesus não estava impressionado com a grande multidão que o seguia: sabia que a maior parte dessas pessoas jamais produziria os frutos de uma vida transformada, uma vez que a Palavra que estava pregando era como uma semente caindo em solo infértil.
è A semente representa a Palavra de
Deus (Lc 8:11);
è e o semeador é o servo de Deus que
compartilha a Palavra com outros (ver 1 Co 3:5-9);
è O coração humano é como o solo: deve ser preparado para
receber a semente de modo que esta crie raízes e produza frutos;
è mas há um adversário – Satanás (ou seus servos)
que tira a palavra semeada no coração.
Assim
como a semente, a Palavra é viva e capaz de produzir fruto espiritual, mas a
semente deve ser plantada e cultivada antes da vinda da colheita.
Como
naqueles dias, hoje também existem quatro tipos de coração que reagem de quatro
maneiras diferentes à mensagem de Deus.
1. O CORAÇÃO ENDURECIDO (Mc 4:4, 15)
Resiste
à Palavra de Deus e permite que Satanás (os pássaros) leve a semente embora.
Da
mesma forma como a terra à beira da estrada é compactada pela passagem de muitos
transeuntes, também os que agem de modo descuidado e "abrem o
coração" a todo tipo de pessoa e influências correm o risco de se tornar
endurecidos (ver Pv 4:23).
Corações
endurecidos devem ser "arados" antes de receber a semente,
experiência que pode ser extremamente dolorosa (Jr 4:3; Os 10:12).
Há
alguns em cujo coração a verdade cristã não pode penetrar. Essa impossibilidade
se deve à falta de interesse do ouvinte e essa falta de interesse, por sua vez,
deve-se à incapacidade de perceber a importância da decisão cristã.
O
cristianismo não acha guarida em muita gente, não porque sejam hostis a ele, e
sim porque são indiferentes. Creem que é algo irrelevante e que podem viver sem
ele.
2. O CORAÇÃO SUPERFICIAL (vv. 5, 6, 16, 17)
É como
um solo rochoso com uma camada fina de terra sobre as rochas, típico da
Palestina. Uma vez que esse solo não tem profundidade, qualquer coisa plantada
nele não dura muito tempo, pois não consegue criar raízes.
Trata-se
de uma representação do "ouvinte emocional", que aceita com toda alegria
a Palavra de Deus, mas não compreende o preço que deve ser pago para se tornar
um cristão genuíno.
Pode
haver grande alegria e entusiasmo quando recebe a palavra, mas quando as perseguições
e situações difíceis chegam, o entusiasmo esfria e a alegria desaparece.
É muito
fácil para a natureza humana decaída simular "sentimentos religiosos"
e encher alguém que se diz cristão de falsa confiança.
Conta-se
que um famoso evangelizador disse: "Aprendemos que se necessita cinco por
cento de esforço para ganhar um homem para Cristo e um noventa e cinco por
cento para mantê-lo a seu lado e para que cresça dentro da Igreja."
São
muitos os que empreendem o caminho cristão, e também são muitos os que ficam ao
flanco do caminho.
Há dois
problemas que provocam esta deserção.
è O primeiro é a incapacidade
de pensar a fundo no que significa o cristianismo, de dar-se conta de qual é
seu conteúdo e o preço que terá que pagar por ele antes de começar.
è O outro fator é que há
milhares de pessoas que se sentem atraídas pelo cristianismo mas que jamais
permitem que penetre além da superfície.
O
concreto é que o cristianismo é uma questão de tudo ou nada. O homem só está
seguro quando se entrega por completo a Cristo.
3. O CORAÇÃO ABARROTADO (vv. 7, 18, 19)
Representa
a pessoa que recebe a Palavra, mas não se arrepende verdadeiramente nem remove os
"espinhos" do coração. É muito fácil abarrotar a vida com tantos
interesses que não sobra tempo para dedicar a Jesus.
Esse
ouvinte tem vários tipos diferentes de "sementes" competindo por seu
coração - as preocupações do mundo, o desejo de riqueza e as ambições -, e a
boa semente da Palavra não encontra espaço para crescer.
Usando outra
ilustração, essa pessoa quer andar pelo "caminho largo" e pelo
"caminho estreito" ao mesmo tempo (Mt 7:13, 14), algo que não pode
ser feito.
Quanto
mais complexa seja a vida, mais importante resulta comprovar que nossa ordem de
prioridades seja correta, pois são muitas as coisas que tentam de tirar Cristo
do lugar principal.
Esta
parábola pode ser chamada a “dos ouvintes que não ouviram”. Cada um dos três
tipos de coração infrutífero é influenciado por um inimigo diferente, a verdade
não pode fazer nada com eles:
1.
No coração endurecido (desleixo e indiferença), o próprio Satanás rouba a
semente;
2.
No coração superficial (mente sem propósito e
perseverança), a carne simula sentimentos religiosos;
3.
E no coração abarrotado (amor dos prazeres e outros
deleites), as coisas do mundo sufocam o crescimento e impedem a produção.
Eis os
três grandes inimigos do cristão: o mundo, a carne e o diabo (Ef 2:1-3).
4. O CORAÇÃO FRUTÍFERO (vv. 8, 20)
É a
representação do cristão verdadeiro, pois o fruto - uma vida transformada - é
evidência da verdadeira salvação (2 Co 5:17; GI 5:19-23).
Uma vez
que os outros três tipos de coração não produziram frutos, concluímos que pertenciam
a pessoas que nunca nasceram de novo. Nem todos os que creem verdadeiramente produzem
frutos na mesma quantidade, mas em todo cristão legítimo haverá evidências de
fruto espiritual.
O
coração que realmente ouve, é chamado honeste e bom (Lc 8.15). Eles ouvem a
palavra, isto é, com o ouvido da fé, recebem-na. Os resultados são diversos, em
proporção à realidade do ouvir. Este fruto não é produzido de uma só vez, mas
representa o costume de uma vida inteira.
CONCLUSÃO:
Nem
toda pregação é boa semente, e há diversas espécies de ouvintes. Se tivermos
que nos beneficiar realmente com a mensagem cristã, a parábola nos diz que
devemos fazer três coisas.
è Devemos escutá-lo. Não podemos ouvir se não
escutarmos.
è Devemos recebê-lo. Quando ouvimos a
mensagem cristã devemos fazê-la penetrar em nossa mente.
è Devemos transformá-lo em ações concretas.
A verdade cristã sempre deve traduzir-se em ações concretas. Em última
instância, o cristão recebe um desafio, não para especular, e sim para agir.

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