18 de abr. de 2022

O Servo que Chama, Capacita e Envia

Marcos 3.13-19
 Jesus é o Servo-Deus que Chama, Capacita e Envia

Aonde quer que fosse, o Servo de Deus era apertado por multidões entusiasmadas (Mc 3:7-9,20,32; 4:1). Se Jesus não fosse Servo, mas sim uma "celebridade", teria atendido aos apelos do povo e tentado agradar a todos (Mt 11:7-15).

Em vez disso, o Mestre retirou-se e começou a ministrar especificamente aos discípulos. Jesus sabia que a maioria das pessoas que o abordavam eram superficiais e insinceras, mas seus discípulos não tinham consciência disso. A fim de evitar que levassem esse "sucesso" a sério, Jesus teve de ensinar aos doze homens a verdade sobre as multidões e o reino.

Jesus já havia feito outros movimentos nesta direção: chamou os quatro pescadores (Mc 1.16ss), depois chamou o cobrador de imposto (Mc 2.13ss). A esta altura já havia uma grande quantidade de discípulos que seguiam a Jesus de tal forma que ele era cercado pelas multidões, seguidos pelos discípulos, mas faltava um grupo menor para ser treinado a fim de dar continuidade ao ministério.

O número de discípulos é significativo, pois havia doze tribos em Israel. Em Gênesis, Deus começou com os doze filhos de Jacó e, em Êxodo, transformou-os numa poderosa nação. Israel foi escolhida para trazer o Messias ao mundo, a fim de que, por meio dele, todas as nações da Terra fossem abençoadas (Gn 12:1-3).

No entanto, a nação de Israel estava espiritualmente decadente e prestes a rejeitar o próprio Messias. Deus teve de estabelecer uma "nação santa, povo [comprado] de propriedade exclusiva" (1 Pe 2:9), e os doze apóstolos eram o núcleo dessa nova nação "espiritual" (Mt 21:43).

 

1. O CHAMADO AO RELACIONAMENTO – v.13

Jesus tinha muitos seguidores, dentre eles havia discípulos, mas agora era preciso escolher os enviados, ou apóstolos. Jesus “subiu ao monte...” para aproximar-se de Deus, passou a noite toda em oração antes de selecionar esses doze homens (Lc 6:12).

Ele é Senhor, chama para o serviço por sua vontade soberana: “Ele mesmo quis” (Jo 15.16). Diferente dos rabinos, que os jovens discípulos tomavam a decisão de se matricular com eles, Jesus é que chama a si os que ele quer.

Eles foram não mecanicamente, mas deram passos na direção dele, preenchidos e iluminados por seu chamado. Quando os escolheu, tinha em mente treiná-los:

1. A partir de seu exemplo pessoal e de  seus ensinamentos;

2. Enviá-los para pregar o evangelho;

3. Dar-lhes autoridade para curar e expulsar demônios (Mc 1:14, 15, 38, 39; 6:7-13).

Assim, quando Jesus voltasse para junto do Pai, esses doze homens estariam preparados para prosseguir seu trabalho, além de ser capazes de treinar outros a dar continuidade ao ministério depois deles (2 Tm 2:2).

Por trás dos doze, nos quais Ele quer se concentrar de maneira especial, estão os 120 de Atos 1.15; os 3 mil de Atos 2.41 e os 5 mil de Atos 4.4, a multidão, para nós incontável, dos 144 mil de Apocalipse 7.4,9, por fim, os povos abençoados na nova terra de Apocalipse 21.3,26. Os doze, portanto, são o cerne de um Israel restaurado e de uma raça humana renovada.

 

2. OS ESCOLHIDOS COM UM PROPÓSITO – v.14a

Eles foram escolhidos para “ficar com Ele”, ou seja, eles seriam treinados. "Discípulo" é alguém que aprende fazendo. Nosso equivalente moderno seria o aprendiz.

Lucas diz que Jesus lhes deu o nome especial de "apóstolos". "Apóstolo", porém, é alguém comissionado a realizar uma tarefa oficial. Jesus teve muitos discípulos, porém apenas doze apóstolos, seus "embaixadores" especiais.

Encontramos no Novo Testamento três listas com os nomes dos doze apóstolos: Mateus 10:2-4, Lucas 6:14-16 e Atos 1:13.

 

Marcos 3.13-19

Mateus 10.1-4

Lucas 6.12-16

Simão  (Pedro)

Simão (Pedro)

Simão (Pedro)

Tiago (filho de Zebedeu)

André (irmão de Pedro)

André (irmão de Pedro)

João (irmão de Tiago)

Tiago (filho de Zebedeu)

Tiago

André

João (irmão de Tiago)

João

Filipe

Filipe

Filipe

Bartolomeu

Bartolomeu

Bartolomeu

Mateus

Tomé

Mateus

Tomé

Mateus (o publicano)

Tomé

Tiago (filho de  Alfeu)

Tiago (filho de Alfeu)

Tiago (filho de Alfeu)

Tadeu

Tadeu

Simão (Zelote)

Simão (o Zelote)

Simão (o Zelote)

Judas (filho de Tiago)

Judas Iscariotes

Judas Iscariotes

Judas Iscariotes

 

Quando comparamos as três listas, temos a impressão de que os nomes encontram-se dispostos em três blocos de quatro discípulos, onde cada bloco é divido em duplas:

-> Pedro e André; -> Tiago e João; -> Felipe e Bartolomeu (Natanael [Jo 1:45]);            -> Tomé e Mateus (Levi); -> Tiago (filho de Alfeu) e Tadeu (Judas, filho de Tiago [Jo 14:22]);  -> Simão o zelote e Judas Iscariotes.

 

3. A CAPACITAÇÃO PARA REALIZAR – v.14b-15

Uma vez que Jesus enviou seus apóstolos em pares, essa parece ser a forma lógica de relacioná-los (Mc 6:7)

O nome de Simão foi mudado para Pedro, "a rocha" (Jo 1:40-42), e o de Levi para Mateus, "o presente de Deus". Tiago e João receberam o apelido de "Boanerges", que quer dizer: "filhos do trovão". Costumamos nos lembrar de João como o apóstolo do amor, mas, sem dúvida, não começou com essa reputação, tampouco Tiago, seu irmão (Mc 9:38-41; 10:35-39; Lc 9:54, 55).

Mateus, João e Tiago eram considerados abastados, mas os outros discípulos foram desprezados mais tarde por causa da sua condição social inferior.

É animador ver o que Jesus pôde fazer com um grupo tão diversificado de candidatos nada promissores para o serviço cristão. Mateus cobrava impostos de Pedro e os outros pescadores. Ainda há esperança para nós.

Os zelotes eram um grupo de judeus extremistas organizados com o objetivo de derrubar o governo romano. Usavam qualquer meio disponível para promover sua causa. O historiador Josefo chama-os de "homens da adaga". Seria interessante saber como Simão, o zelote, reagiu ao ver Mateus, um ex-funcionário de Roma.

Em Cristo não há nem galileu nem judeiano, nem conservador nem progressista, nem pescador, nem cobrador nem zelote. Foi feito algo novo.

 

APLICAÇÕES

- Jesus nos ensina sobre o “preparo para o ministério”, a saber:

1.      Ouvir a chamada de Deus e obedecer a ela;

2.    Estar junto dele num lugar retirado;

3.     Sentir-se mandado por Ele e pregar;

4.    Receber do próprio Jesus todo o poder para o serviço.

- Jesus nos chama para comunhão (para esta com Ele) e para o serviço (envia a pregar). Não adianta sair a pregar se não se tem estado primeiro com Deus.

- Primeiro solidão, depois serviço; primeiro aparelhamento, depois empreendimento; primeiro comunhão, então missão; primeiro preparação, então pregação.

- Devemos tomar o tempo necessário para nos aprontar para o trabalho; também aprender a servir junto com outros.

- Cristo não quer trabalhar sem nós, por que, então, tentar servir sem Ele?

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