Introdução: Três Expectativas
Frustradas
1.
As multidões esperavam que Jesus libertasse a nação e derrotasse Roma. Em
vez disso, o Mestre chamou doze homens comuns e fundou uma "nova
nação", uma nação espiritual cujos cidadãos têm os nomes escritos no céu
(Lc 10:20; Fp 3:20).
2.
O povo desejava que Jesus se comportasse como judeu devoto e que honrasse
sua família, mas Jesus instituiu uma "nova família", formada por
todos os que creem nele e fazem a vontade de Deus.
3. Também esperavam que restaurasse o reino e trouxesse de volta a glória de Israel, mas sua resposta foi anunciar um novo reino, um reino espiritual. "Reino" é a palavra-chave desta seção (Mc 3:24; 4:11, 26, 30).
João
Batista havia anunciado que o Rei chegaria em breve, advertindo os judeus para
que se preparassem a fim de encontrá-lo (Mc 1:1-8).
Jesus
expandiu a mensagem de João e pregou as boas novas do reino, assim como a
necessidade de que os pecadores se arrependessem e cressem (Mc 1:14, 15).
Mas
como é esse reino? Se não planejava restaurar o reino político de Israel, que
tipo de reino pretendia estabelecer?
Jesus
explicou o reino utilizando uma parábola que “é uma história ou ilustração
colocada lado a lado com um ensinamento para ajudar a entender seu significado”
– ela envolve o ouvinte em um nível profundo que o compele a tomar uma decisão
que promova uma mudança de vida.
A PARÁBOLA SOBRE O VALENTE (3:22-30).
Jesus
curou um endemoninhado cego e mudo (Mt 12:22-24), e os escribas e fariseus
usaram esse milagre como uma oportunidade para atacá-lo.
1.
A multidão dizia: "Talvez esse homem seja o Filho de Davi o
Messias”,
2.
mas os fariseus discordavam afirmando que “ele está de conluio com
Belzebu! Faz todas essas coisas pelo poder de Satanás, não pelo poder de
Deus".
"Belzebu"
é o nome do demônio e significa "senhor da casa". Jesus pegou esse
significado e contou uma parábola sobre um homem valente guardando sua casa.
Para roubar a casa, o ladrão deveria, antes, derrotar o dono da casa.
Jesus
expôs tanto a teologia incorreta quanto a falta de lógica desses líderes
religiosos. Se era pelo poder de Satanás que expulsava os demônios, então, na
verdade, Satanás lutava contra si mesmo! Isso significa que a casa e o reino de
Satanás estavam divididos e, sendo assim, à beira de um colapso.
Satanás
guardava aquele homem com todo cuidado, pois não queria perder território. O
fato de Jesus ter libertado o homem provava que era mais forte do que Satanás e
que o inimigo não poderia detê-lo.
Jesus
advertiu os líderes religiosos judeus que eles corriam o grande risco de
cometer um pecado eterno e imperdoável (Mt 12:32).
Quando
perguntamos às pessoas: "O que é um pecado imperdoável?", sua
resposta geralmente é: "A blasfêmia contra o Espírito Santo" ou
"O pecado de atribuir ao demônio a obra do Espírito Santo". Em termos
históricos, tais afirmações são verdadeiras, mas não respondem, de fato, à
questão.
De que
maneira blasfemamos hoje contra o Espírito de Deus? Que milagres o Espírito
Santo realiza hoje que poderiam, por negligência ou por deliberação, ser
atribuídos a Satanás? Será que só diante de um milagre é possível cometer esse
pecado hediondo?
Jesus
deixou claro que Deus perdoaria todos os pecados e toda blasfêmia, inclusive a
blasfêmia contra o próprio Filho de Deus!
Para
entender, precisamos compreender a natureza de Deus e em sua forma paciente de
lidar com a nação de Israel
1.
Deus o Pai enviou João Batista a fim de preparar a nação para a vinda do
Messias. Muitos do povo em geral responderam ao chamado de João e se arrependeram
(Mt 21 :32), mas os líderes religiosos não, permitiram que João fosse preso e
morto.
2.
Deus, o Filho, veio conforme prometido e chamou a nação para crer nele,
mas os mesmos líderes religiosos pediram que Jesus fosse morto. Quando estava
na cruz, Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem"
(Lc 23:34).
3.
O Espírito Santo veio em Pentecostes e demonstrou o poder de Deus de
várias maneiras convincentes. Qual foi a reação desses mesmos líderes
religiosos? Prenderam os apóstolos, ordenaram que se calassem e depois mataram
Estêvão com as próprias mãos! Estêvão disse-lhes qual era o pecado deles:
"vós sempre resistis ao Espírito Santo" (At 7:51).
Os
líderes pecaram contra o Pai e o Filho, mas, pela graça de Deus, foram
perdoados. Quando, porém, pecaram contra o Espírito Santo, chegaram ao
"fim da linha", onde não haveria mais perdão.
Nos
dias de hoje, não é possível cometer o "pecado imperdoável" da mesma
forma que os líderes religiosos judeus o fizeram quando Jesus estava
ministrando na Terra. O único pecado que Deus não pode perdoar em nosso tempo é
a rejeição de seu Filho (Jo 3:16-21, 31).
Quando
o Espírito de Deus convence o pecador e revela o Salvador, o pecador pode
resistir ao Espírito e rejeitar o testemunho da Palavra de Deus, mas isso não
significa que tenha perdido todas as oportunidades de ser salvo.
Caso se
arrependa e creia, Deus ainda pode perdoá-lo. Mesmo que o pecador endureça o
coração a ponto de se tornar aparentemente insensível aos apelos de Deus,
enquanto houver vida, ainda há esperança.
Somente
Deus sabe quando e se a pessoa chegou ao "fim da linha". Portanto,
não devemos jamais perder as esperanças sobre qualquer pecador (1 Tm 2:4; 2 Pe
3:9).
Aplicações
1. O que não é a “blasfêmia contra o
Espírito”:
1.
Não é recusar a graça de Deus “por um tempo”. Os irmãos de Jesus são um
exemplo. Saulo de Tarço é outro exemplo.
2.
Não significa “negar a Cristo”. Pedro e muitos outros negaram e depois se
arrependeu.
3.
Não é negar a “divindade do Espírito”. Desde o início da Igreja,
várias heresias negavam sua divindade, os Arianos, Testemunhas de Jeová.
4.
Não significa “entristecer o Espirito Santo”. Davi entristeceu o
Espírito. O cristão pode fazer isso também (Ef 4.30)
5.
Não se refere a alguém “cair em tentação”, a um simples pecado. É
mais uma atitude de espírito do que um ato;
6.
Não significa uma “simples palavra irrefletida ou descuidada”. Para essas palavras existe
perdão (v.28);
2. Duas definições da “blasfêmia contra o Espírito”:
“É o pecado consciente e intencional de
atribuir a obra de Cristo realizada pelo poder do Espírito Santo a Satanás”. Foi
isso que os fariseus fizeram em relação à Jesus.
Mas
hoje, temos aqueles que atribuem ao Espírito Santo obras que não são dEle, mas
sim de espíritos enganadores. Por isso, devemos ter cuidado com certas
manifestações tidas como espirituais, mas que demoníacas.
“É a atitude de quem propositadamente, e em
desafio à luz e ao conhecimento, rejeita, e não somente rejeita, mas persiste
em rejeitar os esforços do Espírito Santo e a graça de Deus oferecida no
Evangelho”.
Tal
estado, para quem nele permanece sem arrependimento, exclui o perdão, porque é
o pecado para a morte referida em 1 João 5.16, e expressa o que Cristo ensinou
em João 3.18.
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