Nos últimos três domingos vimos que Marcos apresenta a seu Evangelho como uma mensagem de “Urgência na Pregação”; depois com João Batista aprendemos a ter a vida “Focada no Testemunho”; e o próprio Jesus nos ensinou sobre a “Preparação para o Ministério”. Hoje vamos aprender de Jesus, as “bases para um ministério eficaz”.
Líderes
de todos os seguimentos têm buscado fórmulas mágicas para desenvolver, fazer
crescer e multiplicar seus ministérios, ou Igrejas locais. Nós como Igreja
estamos em busca disso também, mas confesso, não há “fórmula mágica”. Por isso
precisamos aprender de Jesus como proceder para que sejamos uma Igreja
relevante.
Quando
falamos de bases, estamos apontando “princípios” que nunca mudam podendo ser
colocados em prática em qualquer época, em todas as culturas, e terá resultados
positivos onde forem vividos. O princípio não muda, mas a forma de
desenvolvê-lo deve adaptar-se aos diversos contextos e épocas.
1. A PREGAÇÃO DO EVANGELHO – vv.14-15
O ministério sempre deve ter como base a
pregação da Palavra. Jesus, depois do batismo e tentação –
preparação para o ministério – volta para Galileia,
região onde cresceu. Não
sabemos ao certo quanto tempo ele ficou com João Batista após o batismo.
No evangelho de João, Jesus tem o seu
primeiro ministério na Judeia ao mesmo tempo que
João Batista (Jo 3.22-24), o que poderia ser um conflito com este início na
Galileia. Contudo, ao dizer que o ministério começa só “depois de João ter sido
preso”, Marcos não esta negando que houve
outro ministério anterior, ele apenas não relata este fato.
O
evangelista mostra o que levou Jesus a deixar a
Judéia e a se dirigir para a Galiléia: Herodes prendeu João Batista, e,
por uma questão de prudência, convinha que Jesus saísse daquela região. A propósito,
foi durante essa viagem que Jesus conversou com a mulher samaritana (Jo 4:1-45).
1.1. O EVANGELHO
é chamado de "o evangelho de Deus", porque vem
de Deus e nos conduz a ele. É "o
evangelho do reino", pois a fé no Salvador nos leva a seu reino; é
também o "evangelho de Jesus Cristo",
porque ele está no centro; sem sua vida, morte e ressurreição, não
haveria boas novas. Paulo o chama de "evangelho
da graça de Deus" (At 20:24), pois não
é possível haver salvação sem a graça (Ef 2:8, 9).
1.2. Jesus pregou que as pessoas deveriam ARREPENDER-SE. A palavra grega
por arrependimento significa, literalmente, mudança de
mente. Nós estamos expostos a confundir duas coisas: a aflição pelas
consequências do pecado e a aflição pelo pecado mesmo.
Sozinho,
o arrependimento não é suficiente para nos salvar, apesar de Deus esperar que
os cristãos deixem seus pecados para trás. O arrependimento
significa que o homem que amava o pecado chega a odiá-lo precisamente porque é
pecado, por sua pecaminosidade.
1.3. Também é preciso CRER em Jesus Cristo e em sua promessa de salvação. Arrependimento
sem fé pode transformar-se em remorso, e o remorso destrói os que carregam
um fardo de culpa (Mt 27:3-5; 2 Co 7:8-10).
Crer no
evangelho significa simplesmente tomar a Jesus pela palavra, crer que Deus é a
classe de Deus que Jesus nos disse que era, crer que Deus ama de tal maneira ao
mundo que fará qualquer sacrifício para nos atrair novamente a ele, crer que
todo isso, que parece muito bom para ser verdade, é realmente verdadeiro.
2. O DISCIPULADO CONTÍNUO – vv.16-20
O ministério precisa ter continuidade através
do discipulado, que se expressa por rodear-se de um grupo de pessoas amigas em quem
possa descarregar seu coração e em cujas mentes possa escrever sua mensagem.
Uma vez
que Jesus pregava com autoridade, pôde chamar homens para deixar suas ocupações
diárias e se tornar seus discípulos.
2.1. Devemos notar o que eram. Eram pessoas muito simples. Não provinham das
escolas ou das universidades; não
foram tirados dentre os eclesiásticos ou a aristocracia; não
eram homens instruídos, nem possuíam riquezas. Eram pescadores. Quer dizer,
eram pessoas do povo comum. Ninguém creu como Jesus no homem comum.
Jesus
não procura discípulos nas cúpulas de religiosos, mas dentre as pessoas simples
que pudessem aprender e levar adiante o ministério de Jesus (Mt 28.28-20).
2.2. Devemos notar o que estavam fazendo quando Jesus os
chamou. Estavam realizando seu trabalho habitual pescavam
e remendavam suas redes. Um homem pode receber o chamado de Deus não somente na casa de Deus, não
somente quando está orando, e sim
em meio de seu trabalho cotidiano. O
homem que vive em um mundo que está cheio de Deus não pode escapar de Deus.
2.3. Devemos notar como os chamou. O
chamado de Jesus foi "Sigam-me".
Não deve pensar-se que esse era o primeiro dia que aqueles pescadores viam o
Jesus. Quando Ele os abordou, Jesus já se encontrara com Pedro, André, Tiago e
João, e, nessa ocasião, os quatro homens creram no Salvador (Jo 1:35-49). Aqui
em Marcos não vemos o primeiro chamado à fé e à salvação, mas sim o chamado ao
discipulado.
2.4. Por último, devemos notar o que Jesus lhes ofereceu. Ofereceu-lhes uma tarefa. Não os convocou
ao ócio e ao descanso, e sim ao serviço. Tem-se dito que o que todo homem
precisa é de "algo no que possa investir sua vida".
De
maneira que Jesus convocou
àqueles homens não a uma comodidade sem
sobressaltos nem a uma letárgica inatividade, a não
ser a uma tarefa na qual teriam que
queimar-se e gastar-se, e, finalmente, morrer, pelo Jesus Cristo
e por seus semelhantes. Chamou-os uma tarefa na qual só poderiam conseguir algo
para si mesmos entregando-se integralmente a Ele e aos demais.
Sem
dúvida, as qualidades dos
pescadores bem-sucedidos também contribuiriam para o sucesso no difícil
ministério de resgatar almas perdidas: coragem,
capacidade de trabalhar em equipe, paciência, energia, resistência, fé e
tenacidade. Pescadores profissionais não podiam se dar ao luxo de desistir e de
murmurar!
3. A MANIFESTAÇÃO DO PODER DE DEUS – vv.21-34
O ministério recebe autenticação através dos
sinais e prodígios. Jesus montou seu "centro de
operações" em Cafarnaum, possivelmente na casa de Pedro e de André ou nas
imediações (Mc 1:29).
3.1. Exorcismo na Sinagoga – vv.23-26
Jesus ministrou não apenas ao ar livre, mas
também nas sinagogas. As sinagogas judaicas surgiram durante o exílio do reino de Judá,
quando o povo se encontrava na Babilônia depois
da destruição do templo.
Onde
quer que houvesse judeus acima dos 12 anos de
idade, era possível organizar uma sinagoga, que era um lugar de leitura das Escrituras, oração e
adoração a Deus. Os cultos não eram realizados por sacerdotes, e sim por leigos; e o
ministério era supervisionado por um conselho de anciãos presidido por um
"chefe" (Mc 5:22).
Quantos cultos esse homem participou na
sinagoga sem revelar que estava endemoninhado. Foi necessária a presença do Filho de Deus para que se
manifestasse a presença do demônio, e Jesus não apenas o expôs, mas também
ordenou que permanecesse calado quanto à identidade de Cristo e que saísse do
homem. O Salvador não queria, nem precisava, da ajuda de Satanás e seu exército
para dizer às pessoas quem ele era (At 16:16-24).
Hoje,
há muita gente parecida com esse endemoninhado: frequentam a
igreja, são capazes de dizer quem é Jesus e até mesmo tremem de medo do
julgamento, mas ainda assim continuam perdidos (Tg 2:19)!
3.2. Cura no Lar – vv.29-31
Os milagres de cura revelam a compaixão do
Salvador pelos necessitados. Seu amor era tão grande
que o Salvador ministrava às multidões mesmo
depois que o sábado já havia terminado, horário em que, de acordo com a lei,
não se podia mais buscar sua ajuda.
Vemos o Servo de Deus à disposição de pessoas
de todo tipo, inclusive endemoninhados e leprosos, ministrando a todos com amor. Jesus
e os quatro discípulos saíram da sinagoga e foram para a casa de Pedro e André
para o jantar de sábado.
3.3. Cura e Libertação ao Ar Livre – vv.32-34
Em
decorrência da cura da sogra de Pedro, quando o sábado terminou ao pôr-do-sol,
a cidade toda apareceu à porta da casa de Pedro! Trouxeram
seus doentes e aflitos, e o Senhor (que, por certo, estava cansado) curou a
todos. O verbo grego indica que "continuaram levando" as pessoas até
ele, de modo que Jesus deve ter ido dormir muito tarde.
Convém
observar, em Marcos 1:32, a distinção clara entre enfermos e
endemoninhados. É verdade que Satanás pode provocar aflições físicas, mas nem todas as
doenças são causadas por poderes demoníacos.
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