À MESA COM O REI
O livro
de Ester trata da soberania de Deus. O herói do livro não é Ester nem
Mardoqueu, vemos que o próprio Deus estava trabalhando nos bastidores. As
coincidências são perfeitas demais para serem atribuídas à mera sorte, prefiro
crer na “Jesuscidência”.
O livro
demonstra que Deus está, de fato, no controle da História: Ele é o herói que
salva e protege os seus, usando pessoas e acontecimentos normais, mesmo sem
aparecer explicitamente (não vemos menção ao nome de Deus – aqui e em Cantares
- à oração, ao culto e ao sacrifício).
O livro nos mostra pessoas piedosas confiando no Senhor e caminhando pela fé e como elas influenciaram e mudaram o destino de um povo, justamente por terem confiado em Deus, obedecendo à sua Palavra e se deixando guiar por Ele.
Ester
era do povo judeu, povo que estava exilado. Uma jovem órfã, que fora criada
pelo primo/tio. Muito bela, foi levada para o harém do rei como candidata a
suceder a rainha anterior. Tendo ela agradado ao Rei, se torna rainha e sua
posição seria usada por Deus para salvar o povo judeu do extermínio arquitetado
por Hamã.
Nesta
história vamos transportar algumas lições para aplicarmos na nossa relação com
Jesus, o nosso Rei e senhor de todas as coisas.
Mesmo
Ester sendo rainha, estar na presença do rei não era algo simples ou fácil.
Naquela época e cultura, uma pessoa só poderia se colocar na presença do rei se
fosse chamada (4.11), além disso, não poderia se apresentar de qualquer maneira
(4.4).
Imagem do Templo. Ao
ler o relato, me veio a mente a imagem do Templo, onde tinha o Santo dos
Santos, o lugar Santo e o pátio dos judeus, e fora, a área dos gentios. Em
2.19,21 vemos Mardoqueu sentado junto à porta do palácio, cerca de oitenta
metros do palácio, mas Ester estava dentro do palácio, mas não no salão do rei.
Ester usa os “trajes de rainha”. Antes
disso (4.16), ela havia tirado as vestes reais e usava panos de sacos para três
dias de jejum, esta era uma prática recorrente entre os judeus (4.2,3), uma
maneira de demonstrar humilhação, aflição profunda, luto e dor.
Ester “entra no pátio interno”. Ela
arrisca sua própria vida, pois se o rei não a recebesse, ela morreria. Conforme
4.11, fazia mais de trinta dias que o rei não chama Ester. Nem mesmo depois,
ela tinha liberdade de se apresentar (8.3).
Do
trono, o rei age com misericórdia para com Ester. Essa é uma perfeita figura
que representa nossa atitude diante do rei Jesus. Antes de nos colocarmos
diante dele devemos nos humilhar, devemos morrer para o velho homem, e sempre
contar com sua misericórdia.
Não
devemos “temer” em nos apresentar diante do Rei, pois ao evitar sua presença,
não vamos desfrutar de sua graça, amor e misericórdia. Ouse, apresente-se ao
Rei.
2. DEVEMOS ESTAR À MESA COM O REI – v.3-6
Ester
senta-se à mesa com o Rei, não apenas uma, mas duas vezes. Aquilo que ela tinha
para pedir não era algo simples ou fácil, era o pedido que mudaria sua vida, de
seus familiares, do seu povo (e a história da salvação. Afetaria a nós também).
A
grandeza do pedido exige um ambiente e ocasião favoráveis (não é assim quando
se faz um pedido de casamento), aquele pedido não poderia ser feito comendo um
espetinho ou um cachorro-quente em pé numa barraquinha na rua. Ele precisava
ser algo especial, por isso Ester cria um ambiente e uma atmosfera, prepara a
mesa, escolhe o cardápio chama os convidados.
Lembremo-nos
de Mefibosete (2 Sm 9),
aleijado, que foi levado ao palácio para sentar-se à mesa com o rei Davi. Ele
ensina algumas lições: 1. Longe
da mesa só há necessidades; 2. Diante
da mesa somos restituídos; 3. Diante
da mesa somos tratados como filhos; 4. A mesa
esconde nossos defeitos.
Jesus
conta uma parábola onde o rei faz um
banquete e chama pessoas para sentar-se à mesa com ele (Lc 14.15-25; Mt 22.1-14),
mas os convidados dão desculpas: 1.
Comprei uma propriedade; 2.
Comprei 5 juntas de boi; 3. Acabo
de casar. O rei manda os servos chamar outras pessoas para encher a casa, mas
um entra sem as vestes adequadas, e por isso é expulso do banquete.
Estar à
mesa com o Rei denota intimidade, aceitação, comunhão, diálogo. Espiritualmente
falando, jamais devemos nos furtar do privilégio que temos de estarmos na
presença de Jesus – nosso Rei – através da leitura da Bíblia, da Oração, da
consagração.
O
momento do pedido também é importante. O tempo estava a seu desfavor, mas ela
não se apressa, não pede na audiência, nem no primeiro jantar, pois outros
acontecimentos precisavam se desenrolar para o resultado final ser favorável a
ela.
Se
Ester tivesse feito o pedido no primeiro encontro, é provável que o rei não
tivesse atendido, pois seria a palavra dela contra a de Hamã, seu homem de
confiança (3.1,2; 4.11). Se ele já havia destituído a rainha Vasti, não seria
diferente com Ester.
O intervalo
entre o encontro e o primeiro jantar para o segundo jantar foi determinante
para que outros acontecimentos viessem a toda como parte do plano de livramento
de Deus: Hamã faz a forca (5.14), o rei tem insônia (6.1), a leitura dos
registros (6.2), a honra a Mardoqueu (6.10).
Nunca
devemos nos precipitar diante do Rei ou nos aproximar só porque precisamos de
algo urgente. Quando precisamos de algo dele, devemos investir tempo em
comunhão (oração, jejum, quebrantamento), ter paciência, ter fé e confiar que o
Senhor está no controle de todas as coisas.
Devemos nos aproximar do trono
com santidade e ousadia. Demos nos assentar à mesa com o Rei quantas vezes
forem necessárias. Devemos apresentar a Ele nossas demandas, pois só ele pode mudar
o curso e o destino de nossas vidas.
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