Isaías profetiza no
tempo do rei Ezequias, período em que o rei da Assíria estava avançando sobre
as cidades de Judá e conquistando-as. A força militar de Ezequias era
sabidamente inferior a dos seus adversários, e era comum que reis se aliassem a
outras nações para as guerras, sendo o Egito uma alternativa viável, pois
detinha um poderio militar considerável.
Mas as palavras de
reprovação de Isaías quanto a confiar nos “cavalos” do Egito em lugar de “olhar
e orar ao Eterno” reflete a falta de fé daquelas pessoas. Davi no Salmo 20 faz
uma oração pela vitória, onde deixa clara sua confiança no Senhor, dizendo “Alguns
confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor, o
nosso Deus.” (v.7).
A questão que Isaías
levanta no capítulo 31 é em quem devemos confiar: na força e capacidade humana
ou no poder de Deus?
Parece ser uma questão
simples, mas não é. Na maioria das vezes nossa confiança estará dividia nestes
dois polos e o fiel da balança vai oscilar entre eles. Aqueles que dizem confiar
em Deus, em algum momento se apoiam na capacidade humana, e não há ninguém que
nunca tenha dito: Deus me ajuda!
Quantas vez nós mesmos
demonstramos confiar mais na capacidade humana, seja a nossa mesma ou a de
outra pessoa? Toda vez que não consultamos a Deus em oração para tomarmos uma
decisão, que fecharmos um contrato, comprarmos algum bem, comprometermos nosso
dinheiro, ocuparmos nosso tempo, etc.
Alguém poderia
argumentar em sua defesa que “não devemos importunar ao Senhor por coisas tão
pequenas”, mas é justamente, começando pelas pequenas, que nos tornamos infiéis
nas grandes (Mc 25.21; Lc 16.10). Chegamos a deixar Deus de lado nas grandes
coisas justamente começando pelas pequenas.
Confiamos no Senhor
porque...
1. A FORÇA DO HOMEM
NÃO PODE SOCORRER – v.1-3
A reprovação de Isaías
quanto ao confiar na “força do homem”, isto é, descer ao Egito em busca de
socorro, também é relatada no cap. 30.1-5, vejamos:
·
São
“filhos obstinados... que executam planos que não são meus, fazem acordo sem
minha aprovação” (v.1);
·
Vão
ao Egito “sem me consultar para buscar proteção no poder do faraó”, mas
será inútil (v.2,3);
·
Em
lugar de ajuda e vantagem, encontrarão vergonha (v.5).
Para Isaías, confiar
no homem para socorrer é ignorar a sabedoria do Senhor e ignorar sua fidelidade
por sempre cumprir suas promessas em favor dos seus servos. Além disso, ignorar
a ajuda vinda de Deus é colocar-se contra Ele, fazendo com que se torne um
adversário em lugar de um aliado (v.2).
O erro em confiar na
força do homem é ignorar sua limitação – “não são deuses, são apenas seres
humanos” (v.3). Além da fabilidade, o homem é passageiro, não estará para
sempre para poder socorrer.
O salmista, no Salmo
33.17-18 diz: “Não são os cavalos de guerra que ganham a batalha; a sua
grande força não pode salvar ninguém. É o SENHOR Deus quem protege aqueles que
o temem, é ele quem guarda aqueles que confiam no seu amor”.
A mensagem de Isaías é
clara: por mais que seja tentador aos olhos naturais confiar e buscar socorro
naquilo que é humano, isso é um erro, pois ao fazer isso, excluímos a
possibilidade de o Senhor manifestar seu poder em nosso favor.
Confiamos no Senhor
porque...
2. O SOCORRO VIRÁ DO
SENHOR – v.4-5; 8-9
Isaías usa duas
imagens para demonstrar como Deus age em favor do seu povo. Ele é “como um
leão” que não se assusta e nem foge diante dos inimigos, e “como uma ave” que
fica voando por cima do ninho para proteger.
No cap. 42.13, Isaías
declara: “O SENHOR se prepara para a guerra e sai pronto para lutar, como um
soldado valente. Com toda a força, ele solta o grito de batalha e com o seu
poder derrota os seus inimigos”.
Vejamos o Salmo
33.19-20 que diz: “Ele os salva da morte e nos tempos de fome os conserva
com vida. Nós pomos a nossa esperança em Deus, o Senhor; ele é a nossa ajuda e
o nosso escudo”.
O Rei Ezequias ao ser
atacado por Senaqueribe, rei da Assíria, tentou humanamente resolver o
problema, enviando todo ouro que tinha (2Rs 18.13-16), mas diante de uma nova
investida no inimigo (Is 37.8-20; 2Rs 19.14-19), Ezequias agiu diferente, ele
voltou-se par Deus, buscou no Senhor o livramento da opressão.
Na carta enviada pelo
rei da Assíria podemos identificar a tática do inimigo: diminuir Deus; mostrar
seu poder; mostrar a fragilidade dos outros adversários já derrotados; mostrar
que são todos fracassados.
Mas agora Ezequias tem
atitudes certas diante do problema: Leu: buscou saber do que se tratava;
conhecer o problema; Subiu a Casa de Deus: buscou auxílio divino; Deixou
diante do Senhor: diante da Arca da Aliança - o problema não era mais seu; Orou:
reconheceu sua limitação – orar é dizer “Deus não posso resolver”.
Deus ouviu sua oração
e respondeu, dando livramento do inimigo. Quando colocamos diante de Deus
nossos problemas, vamos aprender que: Deus ouve a oração do justo; A resposta
vem, e as vezes é imediata; O livramento é completo; A derrota do inimigo é
consumada.
Qual é sua
dificuldade? De que livramento você precisa? A saída é colocar diante de Deus
em oração. O Senhor que é onipotente, onipresente e onisciente estará a uma
oração de distância para te socorrer. Isso significa que Ele pode levantar
pessoas para ser parte da resposta e trazer a solução.
Confiamos no Senhor
porque...
3. ELE NOS CONVIDA A
RECONCILIAR-SE – v.6-7
A constatação de
Isaías é clara, eles se afastaram para longe, passaram a confiar na força do
homem, em lugar de esperar pelo poder de Deus. Era hora de arrepender-se e
voltar para Deus, o que exigia deles jogar fora as imagens que os fizeram pecar,
voltando as costas para Deus. Como isso foi acontecer?
O ciclo de idolatria
começa a se evidenciar na história de Israel ainda no deserto, quando Arão
fabrica um bezerro de ouro (Ex 32.1-6) e se consolida quando chegam a Sitim
(ribeiro das acácias) que fica nas planícies de Moabe (a terra dos desejos) o
último acampamento dos israelitas no deserto antes da travessia do Jordão (Nm
25.1-3).
Desde então, a
idolatria só cresceu, em partes por não terem expulsado os moradores de Canaã,
chegando ao ponto do Senhor permitir que os dois reinos, Israel e Judá fossem
desterrados como escravos por conta desta idolatria.
Quando pensamos nas
infindas tentativas de reconciliação da parte de Deus, a vida e os ensinamentos
de Oseias são pertinentes, pois a mensagem central de Oséias é a idolatria
retratada como adultério espiritual, onde Oseias tipifica o Senhor e sua mulher
adúltera, tipifica o povo.
Assim como o adultério
físico tem etapas, o espiritual também. Oseias vai dizer que “Efraim construiu
um monte de altares” com a intenção de adoração, mas depois “os usou
para pecar”; passaram a “oferecer sacrifícios e depois fizeram festa com
a carne” (8.11-14. Por fim “se apegaram ao pecado como um porco se apega
à sujeira, chafurdando na lama” (9.10).
Aos poucos, um passo
de cada vez, uma concessão após a outra, uma aliança com povos idólatras, um
altar a mais para “adorar”, e assim os israelitas se tornaram infiéis e
idólatras. Este é o mesmo caminho que muitos seguem até se afastarem do Senhor,
e não são muitos que conseguem retornar.
CONCLUSÃO:
Isaías nos exorta a
jamais confiar na força do homem, pois isso evidencia o deixar de confiar no
Senhor, no seu poder, no seu socorro (Sl 121.1-8)
A força do homem é
limitada, e ele próprio é passageiro, pois o ser humano é mortal, por mais que
possa, por um instante oferecer ajuda, não subsiste para sempre.
Ao contrário disso, o
Senhor é eterno e onipotente (pode tudo), é onipresente (está em todos os
lugares) e onisciente (sabe todas as coisas).
Se você tem confiado
mais em você ou nas pessoas à sua volta, é hora de se arrepender e voltar-se
para Deus de todo seu coração.

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