23 de jun. de 2020

A Satisfação está em Deus


Eclesiastes 12.8-14
A Satisfação está em Não Correr Atrás do Vento
Diferente dos animais, que parecem bem satisfeitos em ser apenas eles mesmos, nós, humanos, estamos sempre procurando meios de ser mais do que somos ou mesmo ser outra pessoa. Exploramos o país por instigação, examinamos nossa alma em busca de sentido, compramos o mundo pensando no prazer. Tentamos de tudo. As áreas comuns de esforço são: dinheiro, sexo, poder, aventura e conhecimento.
Nossas incursões sempre aparentam ser promissoras no início, mas nada parece nos satisfazer. Por isso, intensificamos nossos esforços e, quanto mais nos dedicamos a algo, menos extraímos dele. Algumas pessoas acordam cedo e empreendem uma jornada tediosa e repetitiva. Outros parecem nunca aprender e se debatem por aí a vida inteira, tornando-se cada vez menos humanos com o passar dos anos, até que, ao morrer, não resta humanidade o bastante para compor um cadáver.
Eclesiastes é uma testemunha famosa – talvez a mais famosa do mundo – dessa experiencia de futilidade. O juízo cruel prende nossa atenção. A honestidade inflexível incita a observação. E eles realmente percebem – ah, como percebem! Religiosos e não religiosos, igualmente, percebem. Crentes e não crentes percebem. Muitos ficam surpresos de encontrar esse tipo de texto na Bíblia.

No entanto, é o mais enfático e necessário na Bíblia no que diz respeito a cessar nossas fúteis tentativas de fazer algo da nossa vida, de modo que possamos prestar toda a atenção em Deus e, assim, descobrir quem Ele é e o que empreende para fazer algo de nós. Eclesiastes, na verdade, não diz muito acerca de deus. O autor deixa o tópico para os outros 65 livros da Bíblia. Sua tarefa é expor a total incapacidade humana de encontrar o sentido e a completude da vida por nós mesmos.
É nossa propensão desistir de nós mesmos, tentando ser humanos por meio de projetos e desejos próprios, o que faz de Eclesiastes uma leitura indispensável. Eclesiastes faz uma limpeza geral na nossa alma, removendo a espiritualidade “habitual” – aí, sim, estamos prontos para a visitação de Deus, revelada em Jesus Cristo. Eclesiastes é um livro que lembra João Batista. Funciona não como uma refeição, mas como um banho. Não é alimento; é limpeza. É arrependimento. É expiação. Lemos Eclesiastes para nos lavar e ficar limpos da ilusão, das opiniões das ideias idólatras e dos sentimentos que causam revolta. Consiste na exposição e rejeição da expectativa arrogante e equivocada de que podemos viver nossa vida por nós mesmos, de acordo com as nossas regras.
Eclesiastes desafia o otimismo ingênuo que estabelece um objeto que nos atrai e vai atrás dele com vontade, esperando que o resultado seja uma vida plena. O ceticismo apático do autor – uma negação veemente das propostas suntuosas e sedutoras que giram ao nosso redor, prometendo tudo, mas não dando nada – purifica o ar. E, uma vez que o ar está puro, estaremos prontos para a realidade – Deus.

1. SALOMÃO NÃO ENCONTROU SATISFAÇÃO
Sem dizer abertamente, o narrador dá a entender que é o rei Salomão o autor de Eclesiastes. Um homem fabulosamente rico, internacionalmente famoso, com centenas de mulheres em seu harém, ele agora é um senhor de idade que percebe como foi pequeno seu “sucesso”, quando vê a morte se aproximar.
Após o imenso trabalho que teve para construir seu império, teria de deixa-lo para seu filho Roboão, um homem moralmente fraco. As dez tribos do norte de Israel não escondiam o fato de que não confiavam em Roboão. Não precisava da inteligência de Salomão para ver que o país logo entraria em colapso (e isso de fato ocorreu).
Independente do que Salomão tenha concluído sobre sua vida, os ambiciosos jovens de Jerusalém não viram nada além do atraente: dinheiro, inteligência, sexo, poder – tudo que admiravam e desejavam.
Eles acreditavam que a sabedoria era uma ferramenta para alcançar o sucesso. Nada estava mais distante da mente deles que a ideia de que a verdadeira sabedoria acabaria por desfazer o mito do sucesso.

2. SALOMAO TEVE UM FINAL INFELIZ – 1Rs 10.23; 11.4,5
Salomão foi o grande homem de sua época. Era o mais rico de todos os reis da terra. Gente de todos os cantos da terra vinham conhecer Salomão e ouvir de sua sabedoria. Todos os anos os visitantes chegavam em grandes caravanas, e todos traziam presentes: ouro, prata, pedras preciosas.
Mas à medida que ele envelhecia, por influência de suas mulheres, sua fidelidade ao Eterno foi esmorecendo, se tornou devoto dos deuses que eram abomináveis ao Senhor. Salomão desprezou abertamente seu Deus, não seguindo os passos de Davi. Ele começou bem, mas terminou mal.
Salomão ilustra o que chamamos de “final infeliz”, ele tinha tudo para terminar sua vida bem, mas por suas escolhas erradas, não só acabou mal, como deixou uma herança conflitos, idolatria e mortes. Chegar ao topo não é difícil, o difícil é se manter lá, e Salomão caiu, e caiu feio. A causa da queda foi ele afastar-se do Senhor. Essa continua sendo ainda hoje a ruína de muitas pessoas.
O relato de Eclesiastes é justamente para alertar os jovens de que aquilo que ele julgava trazer satisfação e alegria, na verdade, foi em vão, pois ele não encontrou nestas coisas sua satisfação (Ec 2.1-11):
·        Não encontrou satisfação na diversão, que hoje é sinônimo de baladas, bebidas, sexo, drogas, noites em claro com amigos sem se preocupar com nada.
·        Tampouco encontrou satisfação em ser um empreendedor: construir casas, jardins e fazer grandes plantações de pomares.
·        Não se satisfez com a prosperidade material: teve inúmeros escravos, grandes rebanhos, acumulou ouro, prata e mulheres.
·        Nem uma vida “loca” o satisfez. No final concluiu que tudo era um vazio só, nada valeu a pena ou foi capaz de trazer satisfação.

3. A RECEITRA DA FELICIDADE (Ec 5.18-20; 9.7-10)
Salomão aprendeu da maneira mais dura o que podemos chamar de receita da felicidade: “aproveite a vida, desfrute ao máximo o que Deus dá, antes que os anos mandem a fatura de cobrança, mas cuidado, um dia você estará diante de Deus e terá que prestar contas de tudo o que fez”.
Aproveite a vida (9.7-10). Coma bem, tenha alegria, se divirta, viaje, tire férias. Gaste seu dinheiro com você, cuide-se, invista em você. Passe tempo com as pessoas que são importantes pra você. Viva cada dia como um presente dado por Deus. Não deixe coisas para trás, depois que morrer, não poderá realiza-las.
Aproveite tudo ao máximo (5.18-20). Cuide do maior bem que Deus lhe deu: sua vida. Não deixe de viver para acumular coisas, não se anule para satisfazer aos outros. Use o que você ganha com o trabalho para se divertir, tirar férias, viajar, etc. A vida é curta, não adie muitos seus sonhos e planos, pode não dar tempo de realizar. Desfrute de seus bens, não deixe que eles te escravizem. Se tem dinheiro, gaste, usufrua, se não tem o bastante que gostaria, viva feliz com este padrão de vida. Só não deixe de viver.
Aproveite a juventude (11.7-12.5). A força e o vigor da juventude é o maior bem que se pode ter, aproveite e use com sabedoria. Não desperdice nenhum dia só porque terá muitos outro pela frente. Não desperdice sua juventude, ela não voltará mais e você não será jovem para sempre. Você ficará velho, tudo será diferente, aquilo que você fez na juventude, nunca mais poderá fazer.
Prestaremos contas (11.9; 12.14). Aproveitar a vida não é sinônimo de “meter o pé na jaca”, Salomão que o diga. É preciso saber conciliar a liberdade de desfrutar das coisas boas da vida e no final ser aprovado diante de Deus. Estas duas coisas podem ser conciliadas e andar juntoas. Você não precisa viver longe de Deus para ter alegrias e prazeres na vida. Há muitas formas de viver satisfeito e em santidade.

CONLCUSÃO:
O velho Salomão busca reparar os erros e remover o escândalo (ter se afastado de Deus) por ele dado a todo o povo e perante todo o mundo (1 Rs 11).
Salomão está advertindo, especialmente a juventude, contra as loucuras e pecados como os por ele cometidos (7.27-29).
Ele adverte que riquezas, honras, poder e sensualidade nada valem e só trazem as preocupações, fadigas e aborrecimentos: “vaidade de vaidade” ou “vazio, tudo é um grande vazio”.
Mas mostra que o homem pode desfrutar das dádivas concedidas por Deus, sem, entretanto, apegar-se aos bens passageiros.
Podemos viver no temor de Deus, em obediência e amor à palavra divina sempre lembrando do futuro juízo e prestação de contras no dia final.
Salomão escreve o livro de Eclesiastes para nos alertar o que “não devemos” fazer, e escreve o livro de Provérbios para nos ensinar o que “devemos” fazer.

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