Salmo
19
DEUS
FALA: VAMOS OUVIR E OBEDECER
INTRODUÇÃO
Você
já parrou para refletir sobre a grandeza da criação de Deus? Imagine as
dimensões da terra, sua localização no universo, como ela é sustentada no
cosmos, a maneira como ela gira em torno de si mesma e na órbita do sistema
solar. Tente pensar na complexidade da criação, no número de seres vivos e
espécies existentes, na variedade de plantas, flores e frutos. Com certeza, se
pararmos para pensar nestas grandiosidades, evidenciaremos a nossa pequenez.
Mesmo
diante da incomparável e evidente diferença que existe entre a criação de Deus
e os meros homens mortais, estes continuam vivendo como se o Criador não
existisse. As pessoas vivem satisfazendo seus desejos, se distraindo com coisas
fúteis, correndo atrás do vento (como diz o sábio – Eclesiastes 2.17).
Por
outro lado existem aqueles que querem conhecer mais sobre os “grandes mistérios
da vida”, estes questionam, pesquisam, buscam saber suas origens e qual será
seu final. Infelizmente, em muitos casos, a fonte desta busca está
comprometida, contaminada, pois se baseia em teorias, suposições, achismos e
devaneios. E assim, estes que buscam saber, seguem na ignorância e na escuridão
do erro.
Existem
duas maneiras de ver e abordar essas questões da vida: a especulação e a revelação.
A especulação consiste em ficar por si mesmo questionando e refletindo, tentando
encontrar respostas. Por outro lado, a revelação parte do princípio de que um
Deus infinito e ilimitado, absolutamente capaz, sabe e nos conta tudo o que
acontece.
A
revelação não apenas supera a especulação como, na verdade, tem a proposta de
acabar com a necessidade de especulação. Quando olhamos para as escrituras,
percebemos que a própria Bíblia tem falado de uma forma compreensiva, pois faz
parte do projeto de Deus revelar-se. Assim, olhando para o salmo 19, analisemos
duas linguagens inteligíveis que Deus utiliza para se comunicar conosco.
Uma linguagem que
Deus usa é a da criação, a outra é a linguagem das Escrituras. A glória de Deus
proclamada na natureza (versos 1 a 6) e na atuação da Palavra (versos 7 a 10) leva
o adorador a uma confissão íntima e confiante (versos 11 a 14). Deus fala de
diversas maneiras, cabe a nós ouvirmos o que Ele diz e obedecermos.
O autor de Hebreus
diz que “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras” (1.1).
Podemos afirmar que Ele não se calou, que continua a se comunicar conosco,
usando de todas as formas possíveis para que todos possam ouvir sua voz e
obedecer afim de corrigir os erros, receber perdão dos pecados e viver em
integridade.
Nossa busca deve ser
para que “as palavras da nossa boca e a meditação do nosso coração sejam
agradáveis ao Senhor, pois Ele é nossa Rocha e nosso Resgatador” (v.14). Ouça
com atenção tudo o que Deus está falando a você, percebe todas as formas que
Ele usa para fazer isso. Não fique indiferente diante do Senhor!
1. A LINGUAGEM DA CRIAÇÃO. v.1-6
A
Declaração dos Céus (v.1)
A
primeira linguagem que encontramos neste salmo, nos seis primeiros versículos,
é a linguagem da criação. É sem discurso nem palavras, não se ouve Sua voz. Não
há palavras verbalizadas, nem sons emitidos; porém, essa manifestação
silenciosa é profundamente eloquente. O salmista está nos dizendo que, mesmo
sem som algum, se pararmos para considerar e contemplar o que Deus tem criado,
com certeza ouviremos o recado (Mat 16.1-4).
As
pessoas têm, ao longo dos tempos, olhado para o céu e observado (v.1). Há aqui
uma afirmação de que os céus estão declarando, de alguma maneira, a glória de
Deus. Muitos povos e tribos também observam os céus e tiram suas conclusões. O
salmo 19 nos revela que os céus declaram “a glória de Deus” e a terra “proclama
a obra das Suas mãos”. Com certeza, pessoas reverentes e tementes a Deus, podem
olhar para o espaço e perceber a mensagem silenciosa.
Contudo,
não somente as pessoas reverentes, mas, segundo o apóstolo Paulo em Romanos 1.18-20,
tudo o que podemos perceber acerca da divindade pelos céus e pela criação é tão
intenso, que é indesculpável o homem que não reconhece isso. A mensagem é tão
clara, de que existe um criador, um arquiteto, um ser superior por traz de tudo
o que vemos, que ele é indesculpável se ignorar.
Manifestações
Diárias (v.2)
No
tempo de Davi era algo fundamental olhar para o espaço e enxergar aquela quantidade
imensa de estrelas que falavam sobre o mundo. Era uma forma de adquirir conhecimento,
de um dia para o outro. Não interessa onde você esteja, pois em qualquer lugar
do mundo tudo isso se manifesta, é uma mensagem sem barreiras.
Os 4 a
6 trazem uma linguagem poética, pois Davi não está se propondo a encontrar
respostas, mas, com sua poesia, ele diz: armou uma tenda para o sol. Nas
cidades da antiguidade, os povos se direcionavam pelo sol, daí o aparecimento
do verbo orientar, já que eles se voltavam sempre para o oriente.
O sol
é apenas um detalhe nesse universo. É a grandeza de Deus que está por trás
dele. Para se ouvir a voz silenciosa que vem desse universo, nós podemos parar
reverentes e observar a imensidão que nossos olhos e conhecimento alcançam. Se
um dia atrás do outro funcionam, sem falhar, isso é obra da fidelidade de Deus
e nada mais. Por trás de tudo o que vemos, há uma mente, um Deus soberano, um
arquiteto e criador.
2. A LINGUAGEM DAS ESCRITURAS. v.7-9
Palavra
inspirada por Deus
Aqui
encontramos uma segunda linguagem, referente às Escrituras. Enquanto a linguagem
da criação é enigmática e genérica, a das escrituras é muito clara e
específica. Quando juntamos essas duas linguagens temos uma orientação bastante
clara através da qual encontramos a revelação de Deus. Revelação essa, que é a
Palavra inspirada por Deus.
O
salmista emprega aqui seis palavras diferentes para descrever essas Escrituras,
sobre a qual Pedro escreve em 2 Pedro 1.16-21. Pedro não apenas ouviu falar,
mas foi uma testemunha do que está contando para os outros. Está reconhecendo
que aquela experiência que ele teve e tudo o que ele vivenciou, era fruto do
que Deus tinha prometido no passado. Olhando para tudo o que viu e provou com
Jesus, vê quão impressionante foi tudo o que aconteceu.
2.1.
Lei – (v.7a)
A
palavra traduzida aqui por lei é instrução, orientação, ensino. O que o
salmista está dizendo é que a instrução de Deus é perfeita, isenta de erros, é
completa, abordando sobre todos os assuntos que precisamos saber, sem omitir
nada. A Bíblia fala sobre tudo e tem resposta para tudo. A instrução que vem de
Deus, que os profetas falaram, ela é completa como também restaura e revigora a
alma.
2.2.
Testemunhos – (v.7b)
Os
testemunhos aos quais ele se refere são os relatos, as histórias que Deus está
nos contando, que são totalmente dignos de confiança. O que o salmista nos
conta é que, aquilo que Deus relata, os Seus testemunhos, eles sim são
confiáveis. Quando estamos atentos a esses testemunhos, eles têm a condição de
nos tornar sábios. Podemos aprender coisas importantes para minha vida olhando
para os relatos bíblicos.
2.3.
Preceitos – (v.8a)
A palavra
empregada para preceitos neste versículo significa princípios. Um princípio
sempre se refere a alguma coisa específica, por exemplo: se você gastar mais
dinheiro do que o que você tem, você vai quebrar. Quando você quebra um
princípio, isso é totalmente prejudicial a você. Os princípios do Senhor são
justos, funcionam e, naturalmente, uma vida que os segue, acaba sendo marcada
por total alegria.
2.4.
Mandamentos – (8b)
A
palavra traduzida aqui por mandamento significa, exatamente, ordem e
autoridade. As escrituras nos falam de um Deus que tem autoridade, que tem que
ser sempre ouvido e considerado, a Ele prestaremos contas. Seus mandamentos são
limpos, levá-los a sério representa ganhar luz nos olhos.
2.5.
Temor – (v.9a)
O
salmista usa a palavra temor, não para explicar Deus e Seu temor, mas porque,
quando nós atentamos ao conteúdo dessa palavra, prestamos atenção no seu valor.
Essa palavra, quando em contato comigo, me torna mais humilde, pois abre meus
olhos para a grandiosidade de Deus, dando-me condições de reverenciá-lo. O
salmista ainda diz que o temor do Senhor é limpo, ou seja, autêntico, genuíno.
Além disso, ele dura para sempre (1 Pedro 1.24-25).
2.6. Juízos
– (v.9b)
As
decisões que Deus tomou ao longo da vida, e que são expressas na história do homem
no decorrer das Escrituras, são verdadeiras e totalmente justas. Eu posso olhar
para a Bíblia e aprender com homens que cometeram erros, não precisando cometer
os mesmos (1 Coríntios 10:6).
Como
vemos, há uma linha clara nesse texto: a instrução de Deus é completa e
revigora a alma; os relatos são confiáveis e nos tornam sábios; os princípios
apresentados nesse livro são retos, justos e alegram o coração; as ordens que
encontramos nas Escrituras não estão contaminadas e iluminam nossos olhos; essa
Palavra gera em mim reverência, é pura, autêntica e dura para sempre; as
decisões e julgamentos de Deus ao longo da história são verdadeiros e justos.
Enquanto
que nos versos 1 a 6 encontramos apenas uma vez a palavra Senhor, nos versos 7
a 9 ela aparece seis vezes. Se por um lado o mundo criado fala que existe uma
mente por trás de tudo o que vemos, por outro lado, a Palavra fala de um Deus
interior, que tem um nome específico, que tem interesse em nós, que faz
promessas e que firmou uma aliança. Em vez de ser genérica, a Palavra fala
especificamente conosco.
Se por
um lado, os versículos de 1 a 6 falam do Deus infinito, por outro, os
versículos de 7 a 9 falam do Deus pessoal. Dessa forma, encontramos no
versículo 10 uma Palavra que é muito valorosa, apreciável e vale a pena
consumi-la.
3. APERFEIÇOAMENTO DO FILHO DE DEUS. v.11-14
Aqui o
salmista mostra o potencial dessa Palavra nas nossas vidas.
1.
Somos advertidos (v.11). Você já encontrou uma pessoa que quebrou a cara e, de
repente diz: Mas ninguém me avisou de nada... O verso chama a atenção para o
fato de que, ao olharmos para as Escrituras, somos alertados continuamente
sobre como devemos acertar o caminho. Se você não sabe o que fazer, é porque
você não parou para ouvir o que esse Deus pessoal tem para falar.
2.
Conserto dos erros (v.12,13). No contato com a Palavra que adverte, eu
posso perceber erros que eu estou fazendo voluntariamente, e também coisas que
eu ainda não sei que são erradas. A partir do momento em que eu sou advertido,
eu posso tanto ouvir quanto ignorar. Porém, quando eu ouço a Palavra e sei o
que é certo e errado, mas não sigo a voz de Deus, Deus nos entrega a própria
sorte.
No versículo
13b é dito: “Então serei íntegro, inocente de grande transgressão”. É essa
Palavra que tem poder de restaurar e, consequentemente, tornar minha vida
agradável a Deus. Podemos enganar as pessoas, mas saiba que, se você não está
levando Deus a sério, de fato, a única pessoa que você está enganando é você
mesmo.
3.
Perfeita Adoração (v.14). O salmista começa dizendo que esse
universo manifesta a glória de Deus, infinita e magnífica, criador dos céus e
da terra. Quando eu entro em contato com a Palavra, ela me revela esse Deus que
fez uma aliança com o homem e que fala objetivamente, numa linguagem que
podemos entender sem mistério algum. Porém, quando eu obedeço a esse Deus, eu posso
dizer que Ele é meu Senhor, minha Rocha e meu Resgatador.
O que
o salmo nos diz é que, esse Deus que criou o universo, é o mesmo Deus que
propõe um pacto para ser nosso Senhor pessoal. Nós não precisamos levar a vida
baseada em especulação, pois há um Deus que se revela. Inicialmente, numa
linguagem misteriosa e enigmática. No entanto, através da linguagem precisa e
clara de Sua palavra, nos abre a porta para uma relação pessoal com Ele.
(Crédito:
Fernando Leite)
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