
1 Samuel 17.1-3
Enfrentando o seu inimigo
INTRODUÇÃO
A história de Davi e Golias é
umas das mais, se não a mais conhecida das Escrituras. Desde criança ouvimos
sobre ela na Igreja. Mas o princípio do menor e mais fraco derrotando o maior e
mais poderoso ressurge em todas as esferas da sociedade.
Recentemente na política, quando
a eleição do presidente do Senado Federal, o contexto tomou as manchetes, não
só por se chamar Davi, o que fora eleito, mas pelo fato de o candidato
derrotado ser um “gigante” da política brasileira. Esta história perpassa gerações
a cerca de dois mil anos.
Em diversas áreas da nossa vida -
a semelhança de Davi - podemos nos ver lutando contra os gigantes que nos
cercam. Mas precisamos entender que eles não surgem do nada, em algumas
situações Deus os coloca frente a frente conosco, em outras, nós os criamos e
deixamos crescer. O que fazer diante de um gigante?
Podemos fugir como os espias no
tempo de Moisés (Num. 13.33) ou enfrentá-los como fez Davi (1 Samuel 17.45). A
visão que temos dos gigantes faz a diferença para enfrentá-los ou fugir deles.
Se olhamos para nós mesmos e nos
comparamos com os gigantes, os veremos imbatíveis, mas se olhamos para Deus,
veremos os gigantes encolherem. Davi não andava caçando gigantes para
desafiá-los com um estilingue, mas quando um gigante surgiu na sua frente, ele
soube honrar a Deus. A vitória virá quando os gigantes aparecerem e irmos em
nome do Senhor usando as armas espirituais.
1. SAIBA QUEM É O INIMIGO. v.1-3
Historicamente os filisteus foram
os maiores adversários do povo de Israel. Descendentes dos casluítas (Gen
10.14), chamados de “povos do mar” se estabeleceram na costa do mar
Mediterrâneo. Há evidências do contato que Abraão e Isaque com os filisteus
(Gen 21.32,34). Eles tentaram invadir o Egito sem sucesso. Aparecem no relato
da saída de Israel do Egito a caminho de Canaã (Ex 13.17).
Nos dias de Samuel e Sansão já
eram numerosos e já causavam problemas para Israel (1 Sam 4 e 6; Juízes 10.7,8;
13 a 16). Detentores de cinco cidades (Gaza, Ascalom, Asdode, Gate e Ecrom),
cada uma governada por um rei, formavam uma coalisão com certa autonomia, mas
que trabalhavam em conjunto havendo uma necessidade, principalmente a guerra.
Os filisteus dominavam a utilização
do ferro, uma grande inovação que se destacava nas guerras. Este povo perito em
batalhas e muito bem armados, se tornaram um inimigo implacável ao povo de
Israel, sendo subjugados nos tempos de Samuel e Davi (1 Sam 7.12-14; 2 Sam
5.22-25). Quem é nosso inimigo?
Satanás. O “nosso adversário” é um só, e
seu primeiro nome é Satanás, um ser angelical caído, mas inda poderoso, seu
nome significa “agir como um adversário” ou “acusador”. Ele é o adversário de
Deus e do seu povo. Pedro o chama de “vosso
adversário” (1 Pedro 5.8).
Seus Nomes. Este adversário recebe também
outros nomes descritivos. Ele era a “serpente” de Gênesis 3.1, chamado de “a
antiga serpente” em Apocalipse 12.9 e 20.2, sem esquecer do nome “dragão”. No
cap. 9 encontramos mais descrições: Abadom ou Apoliom, destruidor, o anjo do
abismo, a estrela que caiu do céu. Mas não para por aí: ele é o “deus deste
século” (2 Cor 4.4). o “príncipe dos demônios” (Mat 12.24); o “príncipe das
potestades do ar” (Ef 2.2); o “poder deste mundo tenebroso” (Ef 6.12); o
“tentador” (Mt 4.3); o “maligno” (Mt 13.19); o “Belial” (2 Cor 6.15);o
“Belzebu” (Mt 12.24); o “homicida desde o princípio”, o “mentiroso e pai da
mentira” (João 8.44).
Sua Pessoa. Nosso inimigo é um ser angelical
que se rebelou contra Deus, o Criador. Seja direta ou indiretamente, podemos
pelo texto de Ezequiel 28.11-19, aprender algo sobre Satanás. Era o “selo da
perfeição” (v.12), perfeito em formosura, mas não deixa de ser uma criatura
(v.15). Vivia no monte santo de Deus, era querubim da guarda ungido (v.14). Mas
pela iniquidade, seu interior se encheu de violência e pecou (v.15,16), fazendo
com que fosse expulso da presença de Deus, quando foi lançado sobre a Terra
(v.16-18).
Seu Propósito. Ele age para conquistar o
controle para si, a fim de frustrar a vontade de Deus e destruir a Igreja.
Pensa, argumenta e formula estratégias para destruir o povo de Deus. Está
continuamente em guerra contra o Senhor, atacou a Cristo e agora investe contra
a igreja, distorcendo o significado e a aplicação das Escrituras e quando tenta
nos fazer pensar que ele é o soberano neste mundo, afastando as pessoas de
Cristo e trazendo-as de volta ao seu controle ou evitar que reconheçam a
verdade de que Jesus é o Senhor dos senhores.
Seu Poder. Sempre é demonstrado como
sujeito à vontade permissiva de Deus. Esta limitação foi determinada no Gênesis,
seus ataques contra o povo de Deus falhariam, podendo apenas “ferir o
calcanhar”, mas teria a cabeça esmagada (Gen 3.15). Nem ele, nem suas forças
podem nos separar do amor de Jesus (Rom 8.35). Ele não é onipotente, nem
onisciente, muito menos onipresente. No incidente com Jó, o Senhor estabeleceu
limites do que ele podia fazer, sendo que o diabo mesmo reconheceu que o Senhor
protegera a Jó (1.10).
Eu iria falar sobre inimigos como
a depressão, prostituição, mentira, vícios (drogas, álcool, cigarro, etc),
pornografia, vaidade, ostentação, etc. Mas estas coisas não são o inimigo, elas
são armas que Satanás utiliza para nos vencer nesta batalha. Portanto, para
vencer todas estas coisas, é preciso derrotar aquele que as utiliza contra nós.
Não lute contra as pessoas nem
tente livrá-las daquilo que as oprime. Está é a luta errada. Não gaste suas
forças ou recursos tentando mudar a situação. Foque no seu inimigo, lute em
oração, invista seu tempo na presença de Deus, é Ele quem pode derrubar este
gigante que está te afrontando insistentemente.
2. NÃO TENHA MEDO DO INIMIGO. v.4-7
Golias era um adversário que
colocava terror em qualquer soldado. Durante quarenta dias ele desafiou o
exercito de Israel sem que ninguém se dispusesse a enfrenta-lo (v.11). Sua
descrição é apavorante: quase três metros de altura; uma armadura impenetrável;
armas de bronze que eram letais e um escudeiro à sua frente.
Aos olhos humanos Golias era um
adversário invencível, e por isso a estratégia de propor uma luta individual,
assim a batalha já estava ganha. Há uma probabilidade de que Golias não fosse
um filisteu de nascimento, mas um descendente dos enaquins (povos gigantes),
portanto um guerreiro contratado para lutar pelos filisteus.
O medo paralisou o exército. O
medo deu lugar às blasfêmias do adversário. O medo adiava o fim da guerra. O
medo fazia com que eles apenas encenassem uma luta que na verdade não se
concretizava. O medo estagnou aquele exercito fazendo com que nada mudasse, dia
após dias eles se levantavam, colocavam as armaduras, pegavam as armas, iam
para a linha de combate, mas nada de diferente acontecia. Todos recuavam,
retiravam suas indumentárias e esperavam para repetir tudo de novo no dia
seguinte.
Nosso inimigo, mesmo tendo poder
limitado, pode causar graves consequências para nossas vidas. Ele influenciou
Ananias e Safira a mentir o que causou a morte deles (Atos 5.3). Ele levou
Judas a trair Jesus pelas moedas de prata (Luc 22.3-6). Ele foi capaz de, por
um tempo, impedir o trabalho de Paulo (1 Tes 2.18). Ele era capaz de desviar
pessoas nas igrejas para segui-lo (1 Tim 5.15). Como podemos então nos defender
do inimigo?
No deserto, durante a tentação,
Jesus usou a Palavra, as Escrituras para como principal defesa contra o diabo
(Mat 4.4,7,10). Além disso, viver pela fé e em obediência nos traz uma boa
proteção. A Palavra funciona com uma arma de proteção e de ataque, já a fé se
constitui num escuto para nos livrar (Ef 6.10-18).
Por isso não há motivos para ter
medo do inimigo. Deus já nos livrou do seu poder quando libertou nossa mente de
sua influencia e cremos na verdade (Atos 26.17,18). Sabemos que vitória final
sobre o diabo se dará na segunda vinda de Cristo (Ap 20.10). Nossa defesa é
baseada na obra expiatória de Cristo na cruz, e mesmo que venhamos a pecar, Sua
morte e Seu castigo nos justificam diante de Deus. Além de tudo isso, temos a
certeza de que Jesus intercedo por nós, nos protege, nos sustenta e nos perdoa.
3. ENFRENTE O INIMIGO. v.8-11
Os dois exércitos se posicionaram
frente a frente sobre dois montes, tendo entre eles o vale de Elá. Ali ficaram
por 40 dias (v.16), pois nenhum soldado israelita quis deixar o batalhão para
se expor sozinho no vale e lutar contra Golias.
Até que um dia Davi foi levar
mantimentos para seus irmãos (v.17), chegando lá os exércitos se posicionavam
para batalha, mas quando Golias apareceu, todos ficaram com medo. Davi então
demonstra interesse em enfrentar Golias, mas é ridicularizado por seu irmão
(v.28).
O fato é que no meio daquele
exército, não havia um homem que se dispusesse a enfrentar Golias. Todos
estavam se escondendo no meio do batalhão. Todos aparentando força, coragem,
capacidade, jeito de vencedor, mas na realidade eram todos covardes perdedores.
Meus irmãos, quando nós nos
escondemos das nossas lutas no meio da multidão, ou atrás de alguma situação, e
assim fugimos de enfrentá-las, é certo que estamos sendo covardes e estamos
aceitando nossa derrota.
Temos que parar de adiar o enfrentamento,
parar de fugir de certas realidades. Temos que sair do meio da multidão e ir
para o vale, nos expor, correr o perigo, pois é lá que vamos travar a luta. É
lá que vamos derrotar nosso adversário. É lá que nos consagraremos vencedores.
Não queiramos que outros lutem
nossas batalhas, não esperemos que outros tomem sobre si aquilo que é nós que
temos que fazer. Não esperemos que outros vençam nossas lutas.
APLICAÇÕES:
À luz de Efésios 6, entendemos
que nosso inimigo não são pessoas, situações, fraquezas ou debilidades. Nosso
inimigo é espiritual, uma força do mal que age para nos afastar de Deus. Assim
devemos enfrentar este inimigo com armas espirituais.
Saber que nosso inimigo é Satanás
nos ajudará a evitar de lutar a batalha errada e concentrar nossas forças para
obter sucesso e sair vitorioso. Lutar sem saber contra quem estamos lutando é
certeza de sair derrotado.
Embora o inimigo tenha capacidade
de nos ferir, temos a certeza que não poderá nos vencer, pois ele já está
derrotado por Jesus. Suas investidas são tentativas desesperadas de nos fazer
algum mal e nos afastar da presença do Senhor ou da comunhão da igreja.
Assim podemos enfrentá-lo, não
com nossas armas, nem com a nossa força. As armas são espirituais, a foça vem
do Senhor, e a vitória é garantida por Jesus. A bíblia diz que “somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rom 8.37).
Nós somos o Israel de Deus que
estamos sendo afrontados pelo nosso Golias, mas temos um Davi, que vem para
derrotar nossos gigantes e nos livrar de suas afrontas e nos presentear com a
vida eterna.
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