27 de fev. de 2019

Ajudando Pessoas como se Fossem Jesus



Mateus 25.40
Ajudando pessoas como se fossem jesus

INTRODUÇÃO
Hoje finalizamos esta série de mensagem, baseadas nos cinco princípios da Igreja multiplicadora: Oração; Evangelização Discipuladora; Formação de Liderança; Plantação de Igreja e Compaixão e Graça. Nestas mensagens enfatizei a necessidade de desenvolver estes princípios focados em Jesus. Não tratei diretamente de dois temas: formação de líderes e plantação de Igreja.
A parte dos cinco princípios, tratamos da importância de ter a “vida toda focada em Jesus” e de desenvolver uma “espiritualidade focada em Jesus”. Estes dois formam uma base sólida para vivermos os cinco princípios. Com estes temas abordados, pretendo estimular a Igreja a viver o cristianismo em sua essência, indo além de uma mera religiosidade vazia.
Ao tratar de “compaixão e graça” (auxílio, ajuda, socorro, doação, etc.) não quero propor “como” fazer, mas sim “as motivações” que acompanham estes gestos de ajuda:

- Alguns o fazem como parte de um ‘projeto de poder’ para ter apoio político: “vou ajudá-lo e você me ajuda depois”. Isso é uma prática de políticos que se aproveitam da pobreza para obter benefícios pessoais.
- Outros têm em mente o benefício religioso, em troca de auxílio, pessoas carentes participam de um ritual religioso. Neste caso, a igreja oferece alimentos ou qualquer outro benefício se a pessoa vier a uma certa programação: “Venha para a igreja que eu te ajudo”. Essa atitude não é baseada no amor incondicional, é uma moeda de troca com viés religioso.
Na parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37), Jesus ensinou que não devemos ajudar alguém em troca de algum benefício. O texto bíblico deixa claro que a motivação do samaritano foi apenas ajudar o homem que estava ferido, sem nenhum interesse oculto.
O apóstolo Paulo relatou que a única recomendação que recebeu quando partiu para suas viagens missionárias, foi de não esquecer os pobre, o que ele procurou fazer (Gálatas 2.9,10). O cuidado com os mais necessitados é um testemunho do amor de Jesus por todos. A motivação, portanto, é honrar Jesus. É mostrar que a igreja está indo em direção dos mais carentes, levando auxílio e socorro aos desamparados.
Ações de compaixão e graça precisam ser motivadas pelo amor a Jesus. É por Ele que nos dispomos a abrir mão de tempo e recursos em favor de gente de quem, às vezes nem sequer sabemos o nome. Toda ação tem como alvo pessoas, mas o foco é glorificar a Jesus. É inspirado nEle, em obediência a Ele e para honrá-Lo que devemos ter esta atitude.
O amor de Deus se fez carne na encarnação de Jesus. Ações de compaixão e graça feitas pela igreja são formas de refletir o amor de Jesus. Quando demonstramos o amor de maneira prática, ele sai dos livros e torna-se real, deixa a teoria e vem para a prática. Em Jesus o amor se fez carne e, por intermédio de seus discípulos, segue se movendo em todas as direções. A Compaixão e graça são formas de movimentar esse amor e fazê-lo visível.
Não devemos ajudar para “segurar” as pessoas na igreja, mas para mostrar que o amor de Jesus se moveu e chegou até a vida delas.
1. ELES NÃO MERECEM – Luc 10.25-37
- Por que ajudar quem está preso? Dependentes químicos? Moradores de rua? Eles não merecem ser ajudadas, ou pior, há quem pense que essas pessoas carentes merecem sofrer. Quando o assunto é merecimento, é necessário lembrar que nós também não merecemos a salvação e o céu. Ninguém merece a graça de Deus.
Ações de compaixão e graça devem ser potencializadas em um ambiente sem preconceitos. Devemos olhar para cada pessoa em situação de vulnerabilidade com misericórdia. É importante pensarmos que antes da transformação vem a compaixão. Se desejamos que as pessoas sejam transformadas, primeiro precisamos agir com amor por elas.
Oferecer compaixão e graça não é nada fácil, ainda mais para pessoas que fizeram coisas ruins. Por isso, antes da compaixão vem o foco em Jesus. É refletindo sobre o que Cristo fez por mim e sobre seu amor por nós que seremos impelidos a agir de maneira compassiva. Quem foca os erros do outro não fará nada para ajuda-lo, mas não ficará indiferente se puser o foco em Jesus.

2. MUDANDO O MUNDO DE ALGUÉM
Sempre que ajudamos alguém a sair de uma situação de vulnerabilidade, estamos mudando seu mundo pessoal. Quando alguém deixa a exclusão, sua vida não será mais a mesma. Novas oportunidades surgirão e sua história terá novas perspectivas.
Ações de compaixão e graça contribuem para mudar a vida, tanto daqueles que ajudam, quanto daqueles que são ajudados. Você já pensou em adotar uma criança órfã? Ou fazer parte do apadrinhamento social?
Sabemos que não somos capazes de ajudar todas as pessoas em situação de vulnerabilidade. Mas podemos cooperar com Jesus para mudar o mundo de alguém que cruza o nosso caminho. O meu próximo é aquele que encontro durante minha jornada, ele deve ser alvo do meu amor e parte da minha responsabilidade.

3. PROMOVENDO DIGNIDADE – Mar 1.40
A lepra era uma doença terrível, que, além de consumir a saúde de alguém, roubava a sua dignidade e também seu convívio social. A pessoa usava roupas para esconder as chagas e cheirava mal. Por isso ela ia morar fora da cidade e deixava de conviver com a família e amigos. A lepra produzia solidão, rejeição e vergonha.
Jesus se encontra com um leproso (Marcos 1.40), o homem aborda Jesus e pede a ele que o cure, e Jesus atende seu pedido. Ninguém parava para conversar com um leproso, mas Jesus agiu com compaixão e graça, curou e devolveu-lhe a saúde e a dignidade. Jesus curou outros leprosos (Lc 7.22; 17.11-14) e mandou seus discípulos fazer o mesmo. Jesus ensina que os mais rejeitados pela sociedade eram alvos do seu amor.
Quem são os leprosos do nosso tempo? Seriam os usuários de crack? Moradores de ruas e andarilhos? Crianças esquecidas em casas de adoção ou lares sociais? Idosos abandonados pelos filhos em asilos e casas de cuidado? Pessoas dependentes químicos que estão nas ruas ou em centros de recuperação? Mulheres que vendem o corpo para sobreviver?
Realizar ações de compaixão e graça é uma forma de resgatar a dignidade humana. Promover a dignidade é honrar a Jesus e ajudar pessoas a terem a imagem de Deus restaurada. É por isso que iniciativas solidárias e altruístas, como Cristolândias e tantas outras, glorificam a Deus.
Quanto mais focarmos a vontade de Jesus, maior será nossa disposição de trabalhar para resgatar a dignidade daqueles que estão ao nosso redor. Quanto mais focarmos o exemplo de Jesus, maior será nossa compaixão.

4. VENCENDO O DESÂNIMO – Gal 6.9
É compreensível que pessoas envolvidas em ações de compaixão e graça se cansem e desanimem de suas atividades. Lidar com o sofrimento alheio e com injustiças sociais pode acarretar grandes frustrações. O desgaste pode fazer com que discípulos desistam de servir.
Paulo nos exorta em Gálatas 6.9 a “não nos cansar de fazer o bem”, isso significa que devemos lutar contra o desânimo que nos levará a desistir. Para isso devemos tirar o foco da realidade que não conseguimos mudar e colocar o foco em Jesus, pois só Ele pode transformar vidas. Devemos esperar no Senhor, confiar que o trabalho não foi em vão.
É comum ao terminar um trabalho de compaixão e graça se sentir esgotado física, emocional e espiritualmente. Para recompor nossas forças, devemos passar tempo com Jesus, conversando com ele em oração e deixando na sua presença todos os fardos. Precisamos de Jesus para recompor nossas forças e seguir em frente amando e servindo aqueles a quem podemos ajudar.
Devemos “entregar” os resultados de todas as ações de compaixão e graça a Jesus. Crer que fazemos parte de um projeto de Deus para as pessoas que atendemos. Não trabalhamos por conta própria, mas cooperamos com Jesus na redenção e transformação de pessoas.

CONCLUSÃO
Não ajudamos as pessoas que merecem, ajudamos as pessoas porque estamos fazendo para a glória de Jesus e como se fizéssemos para Jesus.
Não vamos mudar o mundo ajudando algumas pessoas, mas temos a certeza que vamos mudar o mundo daquela pessoa que foi ajudada. É isso que significa uma alma valer mais que o mundo todo (Lc 15.3-7).
Quando ajudamos o fazemos para que a dignidade da pessoa seja restabelecida. Algumas não virão para nossa Igreja, ou até nem aceitarão a Jesus. Mas estamos tranquilos, pois nossa ajuda não é moeda de troca.
Para não desistir da compaixão e graça devemos vencer o desânimo e aquela vontade de parar. Jesus é nossa fonte de renovação e ânimo para continuar.

Adaptado de “Ajustando o foco” de Paulo Cabral.

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