28 de dez. de 2018

Seguros nas Mãos do Oleiro (Jeremias 18.1-6)



Jeremias 18.1-6
Seguros nas mãos do oleiro

INTRODUÇÃO
Ao lermos o texto de Jeremias, temos descrito nele apenas a penúltima parte do processo na fabricação do vaso, que é justamente a fase da moldagem do barro para formar o vaso desejado pelo oleiro. O texto não apresenta os outros processos ou etapas que são tão importantes como esta que está descrita.
Tudo começa com a escolha e retirada do barro para a preparação da massa, vale dizer que nenhum vaso é feito só com um tipo de barro, sempre há uma mistura que passa por um processo de limpeza e homogeneização. Depois estes barros são “batidos” ou misturados e prensados até formar uma pasta homogênea que é compactada para só então ser moldada na roda do oleiro.
Jeremias descreve só a fase da moldagem que é onde o vaso pode ser desfeito e refeito novamente quantas vezes o oleiro desejar, podemos dizer que esta é a fase mais bela do processo, a fase de criação, onde vemos um pedaço de barro se transformar pelas mãos habilidosas em uma bela obra.

Depois de moldado, este vaso precisa descansar por algum tempo para secagem, para só então passar pela última etapa, a queima numa fornalha a uma temperatura que começa baixa, mas que pode chegar aos novecentos graus. Depois da queima, o vaso não pode mais ser moldado, se ele ficar imperfeito é descartado, pois não tem nenhum valor.
Aqui podemos ver alguns aspectos importantes ao comparar nossas vidas com todo o processo de fabricação de um vaso, que começa com a escolha do barro até a queima em alta temperatura.
1. Somos feitos do pó da terra (Gen 2.7); Deus (o oleiro) veio ao nosso encontro e nos encontrou como barros jogados num lamaçal de pecado e rebeldia. Gentilmente nos levou consigo e começou um processo de purificação e preparação. O mesmo trabalho que o oleiro tem com o barro, Deus realiza conosco.
2. Da mesma forma que os barros são misturados, nós não podemos ficar isolados do corpo de Cristo que é a igreja (Rom 12.4,5; 1 Cor 12.12-14,27), o “batedouro” de Deus onde nos misturamos com os demais para formar uma liga uniforme que será usada pelo oleiro. Um barro que não é colocado junto com os outros nunca se tornará um vaso, mesmo que ele seja de alta qualidade, sozinho não será nada.
3. É na fase da moldagem que mais nós nos identificamos com o texto de Jeremias, pois entendo que esta fase dura praticamente a nossa vida toda, sim, a fase da moldagem dura quase toda nossa existência neste mundo, pois seremos provados pelo fogo (Isaias 48.10; Jeremias 9.7; Romanos 5.2-5; 1 Coríntios 3.12-15; Tiago 1.3-4,12; 1 Pedro 1.6,7; 4.12) nos últimos dias, e só então, seremos apresentados ao oleiro para servi-lo como vaso de honra na eternidade (2 Timóteo 2.20-21).
Jeremias precisava aprender uma lição que não podia ser teórica, por isso Deus manda ele ir à casa do oleiro. Tem certos aprendizados que só vamos assimilar na vivência prática. Deus nos mostra que Seu trabalhar é um processo muitas vezes duro e dolorido para nós. Esta situação que você está vivendo se tornou sua "casa do oleiro" para onde Deus te levou para um aprendizado prático.
Devemos descer na casa do oleiro para observar todo o seu trabalho, se observarmos o trabalho do oleiro veremos que podemos aprender muitas lições assim como Jeremias aprendeu.

1° SOMOS BARRO E O BARRO NÃO TEM VALOR
O barro é a matéria prima do oleiro, agora se você prestar bastante atenção você verá que na história da humanidade não vemos pessoas brigarem ou reinos guerrearem por barro. Geralmente briga-se por petróleo, ouro, prata, pedras preciosas, dinheiro, poder, etc., mas não por barro. Isso porque o barro não tem muito valor.
Nós não passamos de barro, como diz a bíblia nós somos o pó da terra. Isaías 64.8: “Mas tu, ó Senhor Deus, és o nosso Pai; nós somos o barro, tu és o oleiro, todos nós fomos feitos por ti”. Não se esqueça que somos barro, somos pó da terra, não temos valor agregado em nós mesmos.
Enquanto somos barro no seu estado original não temos muito valor. O barro é igual ao pó que é pisado e o vento o leva de lá pra cá. Este estado não é modificado a não ser que o oleiro nos encontre, nos recolha e nos molde, realizando assim um processo completo de transformação.

2° SOMOS BARRO E O BARRO É FRÁGIL
Diferente do ferro, aço, bronze, o barro se espatifa à toa, somos barro, e como tal somos frágeis. Mas, Deus pega o barro insignificante e começa moldá-lo conforme a sua vontade. Mesmo que a nossa reação seja se desfazer nas mãos do oleiro, Ele não desiste de nós, faz o barro se tornar importante.
Nós vemos isto em Jeremias 18:4 “como o vaso que o oleiro estava formando estragou-se em sua mão…” isto prova que o vaso é frágil, mas veja a continuação do versículo “oleiro tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos seus olhos”. Deus pega o barro insignificante e começa moldá-lo conforme a sua vontade.
Quando decidimos deixar Deus trabalhar à sua maneira, Ele pega o barro e molda e faz um vaso de acordo com a sua vontade, pelo que já sabemos do barro e do oleiro, podemos concluir que quem faz o barro se tornar importante é exatamente o oleiro.
Como o barro seria um pote se não fosse o oleiro? Sem as mãos do oleiro, a argila não se torna em cerâmica, sem a habilidade do oleiro, o barro não se torna vaso, sem o talento do oleiro o barro não se torna em nada útil ou de valor; continua sendo apenas barro.

3° O BARRO NÃO TEM QUERER
Isaias 45:9 “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos? O barro não tem vontade própria. Como barro, nós estamos entregues nas mãos do oleiro para que Ele faça o que quiser de nós.
Assim como o oleiro é livre para fazer com o barro o que bem desejar, assim também é o Senhor nosso Deus é livre, totalmente livre, para fazer de nós o que parecer bem aos Seus olhos fazer.
O oleiro não tem que dar explicações ao barro sobre a razão de estar agindo desta ou daquela maneira. Se Deus – o oleiro – está nos amassando como barro, se Deus está nos provando, porque questionamos, praguejamos, amaldiçoamos, desistimos? Deus sabe o que é melhor para nós.
Não temos o direito de nos rebelar contra o oleiro, cabe a nós aceitar tudo aquilo que Deus permite em nossas vidas. Ao aceitarmos, vamos passar a compreender, e depois que compreendemos, nos tranquilizamos e não mais sofremos por aquilo que antes nos abatia.

4° O BARRO É A MATÉRIA PRIMA DO ARTISTA
O artista é o único que consegue pegar o barro tão insignificante e transformá-lo em um objeto de apreciação. Isaías 64:8 “Senhor, tu és o nosso Pai, nós somos o barro; Tu és o oleiro, todos nós somos obras de tuas mãos”. Quando somos moldados pelo artista:
- Deixamos de ser um simples barro;
- Tornamo-nos objeto de grande valor;
- Somos abençoados e abençoamos a outros;
- Temos segurança (objeto de valor tem segurança);
- Temos garantia (em caso de rachadura, é reconstituído);
- Nossa vida passa ter significado “Como barro nas mãos do oleiro, assim sois vós em minhas mãos”;
- As promessas do Senhor se cumprem “As mãos do Senhor não estão encolhidas para que não possa abençoar”;
Deixe que o oleiro te molde à sua maneira ele vai fazer de você uma peça de grande valor.

CONCLUSÃO:
Nós somos o barro, Deus é o oleiro, Ele nos resgatou do lamaçal do pecado, nos misturou com outros barros e nos prepara, jogando sobre nós a água da vida e nos purificando e sovando, para então continuar o processo em suas próprias mãos.
Deus nos está moldando, e é neste processo que podemos “quebrar” tantas vezes que Ele achar necessário, para só depois disto, nos provar no fogo (processo final na produção do vaso), para só enfim, nos usar como vasos de honra na eternidade.
Deus chamou Jeremias e o mandou levantar e descer na casa do oleiro, na casa do oleiro ele aprendeu lições preciosas. Se existe um lugar onde nos aprendemos mais de Deus e na olaria de Deus.
Deus mostrou a Jeremias que apesar de seu povo Israel ser um povo rebelde e de dura cerviz. Israel era o barro nas mãos de Deus, barro que o oleiro faz o vaso, e se o vaso se quebra o oleiro não joga fora o vaso estragado, ele amassa o barro e dele faz outro vaso novo.
E é assim também que Deus age conosco. Quando nossa vida se parte, quando nosso coração se quebra em pedaços e ficamos perdidos, achando que não há recuperação. Deus é o nosso oleiro! Ele é o Deus do recomeço… o nosso Deus é o Deus do reinício, o Deus da segunda chance, o Deus da nova oportunidade… o Deus da reconstrução!
Para Deus, não há vasos irrecuperáveis. Levanta-te e desce na casa do oleiro, e na casa do oleiro se for necessário deixe ele te quebrar.
Ainda que ser amassado parece dolorido, ele faz isto pra fazer de você um vaso novo: como diz a letra de um corinho antigo: nos temos que descer na olaria de Deus, desce como vaso velho e quebrado mais sobe como um vaso novo e restaurado.

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