Quando nada pode ser feito
INTRODUÇÃO
Pedro, o apóstolo de sangue quente, um dos doze que
fora escolhido para andar com Jesus, se tornou líder da Igreja em Jerusalém. O
texto revela que ele estava preso, não por ser um criminoso, mas principalmente
por causa da sua fé em Jesus. Herodes, o rei, quis fazer mal à Igreja de Cristo
e por isso começou a perseguir os cristãos.
Herodes primeiro matou Tiago, que era irmão de João, e
também um dos doze discípulos de Jesus. Com isso ele agradou os líderes judeus,
principalmente os fariseus e os escribas. Herodes quis fazer mais, então mandou
prender a Pedro, como era a época da Páscoa, deixou-o na prisão por alguns
dias, até a festa acabar.
Pedro estava no que podemos chamar de presídio de
segurança máxima, onde era vigiado por dezesseis soldados (v.4 – quatro grupos
de quatro soldados), sendo que dormia entre dois deles, estando algemado, e
porque não pensar que estava algemado aos soldados.
Além disso as sentinelas
guardavam o portão da prisão. Era praticamente impossível Pedro fugir do local,
o que nos leva a pensar que ele morreria, como Tiago, pelas mãos de Herodes,
pois foi para isso que ele foi preso nesta ocasião.
Esta não foi a primeira vez que Pedro puxou uma
cadeia. Em Atos 4.3 Pedro foi preso junto com João, no que podemos chamar de
uma “prisão religiosa”, uma vez que os líderes judeus ficaram incomodados com o
ensino dos apóstolos. Esta primeira prisão foi rápida, no dia seguinte eles
foram liberados, sob ameaça de castigo caso continuassem a ensinar em nome de
Jesus.
Em Atos 5.18 Pedro puxa outra cadeia, a segunda, agora
junto com os apóstolos, por reincidir no mesmo delito religioso aos olhos dos
líderes judeus. Só que desta vez ele foi solto por um anjo que abriu as portas
do cárcere e os tirou para fora.
Atos 12 narra o terceiro aprisionamento, não pelos
líderes judeus, mas pelo rei Herodes, não por questões da lei judaica, mas para
ser martirizado. A coisa era mais séria que podemos imaginar, Pedro corria
grande e certo risco iminente de morte (o anjo teve trabalho com Pedro nesses
dois episódios de prisões).
Esta realidade vivida por Pedro nos faz pensar na
questão da reflexão desta mensagem: “o que fazer quando nada pode ser feito?”
Não havia nenhuma possibilidade humana de Pedro mudar sua condição. Nem ele,
nem os apóstolos, nem a igreja podiam libertá-lo e impedir sua morte. Por mais
que ele se esforçasse, lutasse, se debatesse, nada, nenhum esforço poderia
tirar suas algemas, fazê-lo passar pelas sentinelas e abrir a porta de ferro
que dava para a cidade. Todo empreendimento humano seria ineficaz, Pedro não
podia fazer nada!
O fato de “não podermos” fazer nada, não significa que
nada pode ser feito. Muitas vezes o “poder fazer” não está em nós. É justamente
nestas ocasiões que Deus entra com providência e milagre, pois se “podemos
fazer” algo, não precisamos do agir do Senhor. O milagre, o sobrenatural, o
agir do Senhor se concretiza exatamente naquilo que não podemos alterar ou
mudar. Se podemos, não é milagre. Se não confiamos e esperamos em Deus, nunca vamos
viver algo semelhante ao que Pedro vivenciou.
1. QUANDO
NADA PODE SER FEITO: ORE! – v.5
Quando não podemos fazer nada, podemos contar com
alguém que nos ajude. A igreja orava por Pedro, aliás, orar é algo que sempre
podemos fazer, mas que nem sempre fazemos. Pedro também orava, mesmo que em
espírito.
Sabemos que a igreja orava por Pedro, quando lemos o
verso 12 temos esta confirmação. A igreja estava reunida em uma casa, a casa e
Maria, mãe de João Marcos, e não eram poucas pessoas, o texto declara que
“muitas pessoas estavam reunidas e oravam”. Sem sombra de dúvidas tudo o que
aconteceu com Pedro foi resposta de oração, oração desta igreja, que não
podendo fazer mais nada, fez o principal.
A oração pode transformar situações. Aqueles irmãos
estavam reunidos, e provavelmente aguardavam uma notícia ruim, Pedro estava
prestes a ser morto. Podemos supor que estavam reunidos para o pior, para um
confortar e consolar o outro no momento em que chegasse a informação que Pedro
havia morrido.
Mas não foi isso que aconteceu. Quando Pedro chega na
casa, a criada fica tão eufórica que não abre o portão, apesar de ter
reconhecido a voz de Pedro. Ela corre para dentro em êxtase dizendo que Pedro
está ai, no portão querendo entrar. A primeira reação dos irmãos é desacreditar
da empregada: “está louca”, não é ele é o anjo dele disseram. Mas Pedro continua
batendo, ao abrir o portão o vê-lo, ficaram espantados.
Precisamos depender mais da oração e menos de nós
mesmos! Precisamos entender de uma vez por todas quão poderosa é a oração. No
dia que chegarmos a esta consciência, não vamos mais desperdiçar tanto tempo,
esforço e suor nos esforçando para mudar situações que somente Deus pode mudar.
A oração é como uma chave que não usamos quando estamos tentando romper o
cadeado.
Quando não podemos fazer nada, muitas vezes
literalmente não fazemos nada, nem orar nós oramos. Não oramos por nós mesmos,
não oramos pelas pessoas ao nosso redor, não oramos pelos nossos irmãos na fé.
Não oramos em nossa casa, não oramos nas reuniões promovidas pela igreja. Não
oramos.
2. QUANDO
NADA PODE SER FEITO: DESCANSE!
Além de orar, creio que há algo muito importante e
fundamental que podemos fazer: DESCANSAR no Senhor. O que chama a atenção é o
fato de Pedro “dormir” entre os soldados naquela que poderia ser a última noite
de sua vida. O “dormir” de Pedro pode nos ensinar o descansar no Senhor.
Quem sofre com insônia sabe que, com as preocupações,
o sono vai embora e noites inteiras em claro são comuns. Não faltava a Pedro
motivos para que perdesse o sono. Aquela tinha tudo para ser uma noite
angustiante, de tensão, de medo, uma noite que tiraria seu sono.
Mas ele descansou naquele que ele conhecia, que não o
havia abandonado mesmo quando o negou três vezes. Descansou porque estava
seguro, e mesmo que fosse morto, sabia que não seria desamparado. Descansou
porque tinha a consciência que, morrer por Cristo era retribuir a morte de
Cristo por ele. Diante disso, nada lhe tiraria o “sono dos justos” (Salmos 3.5;
4.8).
Quando descansamos no Senhor abrimos a possibilidade
dEle agir de forma sobrenatural naquilo que não podemos pelos meios naturais.
Confiar e descansar é deixar o caminho aberto para o agir de Deus, é parar de
“atrapalhar” aquilo que só Ele pode fazer quando estamos impotentes. Naquela
noite, a última, o anjo entra em ação - o mesmo anjo do segundo aprisionamento
(Atos 5.19) - para realizar tudo o que Pedro não podia: abrir as algemas; cegar
os guardas e abrir a porta da prisão.
Deus vai agir nas situações impossíveis para nós.
Quando Pedro e o anjo saem da prisão, andam uma quadra, o anjo então deixa
Pedro, como que dizendo: - “Pedro, já fiz a minha parte, agora o resto é
contigo, te vira”. Pedro então vai para a casa de Maria, mãe de João Marcos,
onde a Igreja estava reunida em oração e ele testemunha do milagre.
Quando nada pode ser feito, além de orar, descanse no
Senhor, confie que Ele está no controle de todas as coisas e por isso não te
desamparará. Quando nada pode ser feito no seu casamento, no seu trabalho, na
sua família, na sua saúde, etc., quando você se sentir impotente, não perca o
sono, apenas descanse.
CONCLUSÃO:
Precisamos aprender com Pedro a descansar,
principalmente nas situações mais difíceis.
Eu sei que não é confortável não estar no controle,
mas nós nem sempre vamos dar as cartas em todas as áreas de nossa vida e na
vida de quem está ao nosso redor.
Precisamos sentar no banco do carona no carro chamado
“nossa vida” e deixar Deus conduzi-lo conforme Sua vontade.
Quando não descansamos, não vemos o milagre acontecer,
não somos surpreendidos pelo sobrenatural.
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