
Recebendo os imigrantes com graça
INTRODUÇÃO
Imigrante é aquele que imigra, ou seja, aquele que
entra em um país estrangeiro, com o objetivo de residir ou trabalhar. O imigrante
é visto pela perspectiva do país que o acolhe, é o indivíduo que veio do
exterior.
A expressão “imigrante” é imprópria para fazer
referência a movimentos migratórios internos ou inter-regionais, ou seja,
aqueles realizados dentro das mesmas fronteiras políticas. O imigrante para
permanecer legalmente dentro do território escolhido, deve seguir as "leis
de imigração" estabelecidas em cada país.
O fenômeno da imigração no Brasil começou a ser mais
significativo em 1808, com a vinda da família real e a abertura dos portos.
Mais tarde, em 1850, o número de imigrantes subiu quando cessou o tráfico de
escravos. A maior parte dessa vinda de imigrantes para o país esteve ligada à
necessidade de mão de obra para a lavoura cafeeira e foi uma iniciativa do Estado
ou de particulares, principalmente de fazendeiros.
Os principais grupos de imigrantes que chegaram ao
Brasil, durante esse período, foram os portugueses, italianos, espanhóis,
japoneses, alemães, eslavos e sírio-libaneses. No ano de 1934, a imigração diminuiu
drasticamente, principalmente devido à Constituição, que estabeleceu medidas
restritivas à vinda de estrangeiros.
A igreja de Cristo não pode ficar indiferente, pois
somos um país repleto de diversidade, logo devemos criar estratégias para
alcançar estes grupos e culturas específicas. Além da pluralidade dos
brasileiros, o nosso país se tornou a casa de muitos outros povos. Imigrantes,
refugiados... pessoas que encontraram aqui a paz para um recomeço. A eles é
também necessário mostrar a esperança de um futuro em outra pátria, onde não
haverá guerra, nem dor, nem choro.
Há um paralelo evidente quando comparamos um imigrante
com a condição do homem diante de Deus. Paulo diz “não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois
concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2.19). Paulo fala
de duas pátrias: os gentios e a comunidade de Israel; o mundo e a igreja; os
perdidos e os salvos. Quem pertence a comunidade de Israel, que é a Igreja dos
salvos, faz parte do povo de Deus. Quem não pertence a este grupo é considerado
estrangeiro.
Quando estes estrangeiros decidem imigrar para
pertencer ao povo de Deus, este povo precisa estar disposto a recebê-los e
trata-los como o próprio Deus os trataria. Em suma devemos como igreja amar, cuidar
e acolher todos aqueles que estão buscando um lugar de paz e segurança para
reconstruir suas vidas.
Devemos acolher a todos que buscam a pátria celestial,
pois assim como eles, nós também éramos estrangeiros e estávamos separados, sem
esperança e sem Deus. A mesma paz que encontramos para nossa vida devemos
proporcionar aos que imigram para perto de Deus.
1. A IGREJA
DEVE AMAR OS IMIGRANTES. Ef 2.13-17
Devemos olhar o texto de Efésios com um olhar atento
para a obra que Cristo realiza em favor daqueles que estavam distantes de Si,
eram como estranhos às alianças, vivendo sem esperança e sem Deus (v.12). Algumas
palavras significativas se repetem no texto que nos apontam para a necessidade
de amar aqueles que estão separados do povo de Deus, e portanto são
estrangeiros, mas que devem imigrar para a família de Deus.
Estes termos são: “paz”; “separação”; “inimizade” e
“reconciliar”. No verso 11 somos exortados a pensar no nosso passado, quando
também éramos gentios, ou estrangeiros em relação a Deus. Para a comunidade
judaica, toda pessoa que não fosse judeu de nascimento era considerado gentio,
e, portanto, um estrangeiro. Para mudar esta condição, a pessoa deveria se
tornar um prosélito (entre os antigos hebreus, indivíduo recém-convertido à
religião judaica), e para isso, deveria passar pela circuncisão.
Paulo está dizendo que Cristo derrubou a parede de
separação, desfez toda inimizade e nos tornou um único povo, pertencente a uma
única pátria, onde todos são iguais, todos são filhos de Deus e irmãos em
Cristo, formando uma só família onde deve imperar o amor.
Quando a igreja de Cristo se dispõe a amar todas as
pessoas, principalmente aquelas não fazem parte desta família, Deus abre portas
para que estas pessoas que estavam separadas possam ser recebidas e possam
desfrutar de todas as bênçãos que o povo de Deus desfruta.
O princípio do povo de Deus amar os imigrantes já era
exigido desde a antiguidade: “Quando um
estrangeiro viver na terra de vocês, não o maltratem. O estrangeiro residente
que viver com vocês será tratado como o natural da terra. Amem-no como a si
mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de
vocês.” Lev 19.33,34
O texto é claro e contundente: “não maltratem... amem... vocês foram estrangeiros”. A Igreja deve
tratar os imigrantes como foi tratada pelo Senhor. O discípulo deve tratar os
não crentes com o mesmo amor que foi tratado por Deus. O amor é o vinculo que
traz a paz. Devemos oferecer exatamente aquilo que recebemos.
2. A IGREJA
DEVE CUIDAR - DAR PROVISÃO - AOS IMIGRANTES. Ef 2.19
Embora o texto de Efésios não fale diretamente sobre o
cuidado, sobre o dever de dar provisão, oferecer uma moradia, um emprego, e
demais condições mínimas de sobre vivencia, podemos pelo contexto entender esta
necessidade. O texto traz a ideia que somos “membros da família de Deus” e é
nesta ideia de “família” que enxergamos a necessidade de cuidado e provisão.
A igreja é uma família e por isso tem a
responsabilidade de cuidar dos imigrantes. Para corroborar com esta
responsabilidade Deus capacita-nos com o dom da hospitalidade, que, quando
posto em prática, vai poder abençoar acolhendo a todos que precisam de um
abrigo e provisão para recomeçar suas vidas em uma nova pátria. Aliado ao dom e
hospitalidade, a igreja deve motivar os seus membros para se colocar a
disposição para acolher e cuidar.
A igreja tem a responsabilidade de prover um ambiente
saudável para o desenvolvimento físico, emocional e espiritual dos seus
membros, principalmente dos novos. Para isso é preciso oferecer comida, cuidado
e amor. Toda pessoa recém chegada à família espiritual precisa encontrar estes
elementos. Deus tem um plano e tem providenciado uma forma para satisfazer as
necessidades de todo aquele que chega a um novo pais e a uma nova família, a família
espiritual que é a igreja.
Vejamos o que
diz o livro de Levítico: “Quando fizerem
a colheita da sua terra, não colham até às extremidades da sua lavoura, nem
ajuntem as espigas caídas de sua colheita. Não passem duas vezes pela sua
vinha, nem apanhem as uvas que tiverem caído. Deixem-nas para o necessitado e
para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Lv 19.9,10
Essa era uma determinação para prover aos que não
tinham suas plantações. Vemos como Rute e Noemi foram grandemente abençoadas
por esta lei quando retornaram para Judá e Rute foi recolher trigo nas lavouras
de Boaz.
A igreja tem o dever ético e moral de cuidar dos
imigrantes provendo para eles o suprimento para suas necessidades. Não podemos
fechar os olhos e ignorar a realidade de escassez daqueles que deixam sua
pátria para buscar refúgio em outro lugar.
3. A IGREJA
DEVE ACOLHER, NÃO OPRIMIR O IMIGRANTE. Ef 2.20-22
Além da ideia de família, o texto nos fala sobre
“edificação”, compara a igreja a um “edifício, bem ajustado que cresce”, onde
todos estão juntos e são edificados para ser a morada do Espírito. Podemos ver
aqui a ideia de acolhimento para que todos juntos possam crescer na mesma
proporção, evitando assim discrepâncias e aumentando a lacuna que separa as pessoas,
principalmente em termos de condição social.
O acolhimento do imigrante é um imperativo para a
Igreja, que é por natureza, uma comunidade que acolhe sem distinção, todos que
queiram fazer parte dela. Cada vez mais a igreja precisa se tornar inclusiva e
menos exclusiva. Sejam ricos ou pobres, negros ou brancos, estrangeiros ou
naturais da terra, todos devem ser acolhido ao corpo de Cristo, afinal, o próprio
Cristo “derrubou a parede de separação”.
A lei dizia: "Não
oprima o estrangeiro. Vocês sabem o que é ser estrangeiro, pois foram estrangeiros
no Egito.” Êx 23.9. Antes de tudo devemos lembrar da condição em que estávamos
e como Deus nos resgatou, para então fazer o mesmo para com os outros.
A igreja precisa abrir suas portas, gastar seus
recursos, empenhar seu talentos para que os imigrantes possam com ajuda dela,
reconstruir sua vida. Se a igreja virar as costas para estas pessoas, quem irã
acolhe-las e cuidar delas?
Não devemos nos esquecer das palavras de Jesus: “Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer;
tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;
necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de
mim; estive preso, e vocês me visitaram.” Mt 25.35,36
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