Deus Se revela através de relacionamento
INTRODUÇÃO
Deus se revela e manifesta através da Trindade: Pai,
Filho e Espírito Santo. Deus apresenta para a humanidade – principalmente no
Antigo Testamento - como o Senhor e Criador todas as coisas; nos Evangelhos o
Filho se apresenta como aquele que veio para salvar e redimir o mundo; e no
restante do Novo Testamento até os dias de hoje é o Espírito Santo que se
apresenta como o Consolador que estará para sempre conosco.
Esta descrição de Deus agindo de forma distinta em
cada uma das pessoas da Trindade é descrita por Paulo em Efésios 1.3-14 onde
vemos o Deus e Pai que abençoa, elege e predestina (v.3-6); vemos o Filho que
nos redime e nos perdoa de nossos pecados (v.7-12); e vemos o Espírito Santo
que nos sela/marca como propriedade de Deus (v.13-14).
Um Deus que age em conjunto é com toda certeza um Deus
relacional. Podemos ver isso deste o início, na criação da qual participaram
ativamente o Pai, o Filho e Espírito Santo (Gênesis 1.1-2; 26; João 1.1-3).
Este princípio de relacionamento entre as pessoas da Trindade é expandido para
o relacionamento delas com o homem no Éden. Logo após Deus criar Adão e Eva Deus
dialoga e naturalmente se relaciona com eles (Gênesis 1.28,29; 2.16-17;
3.8-13).
Nem mesmo o pecado e a expulsão de Adão e Eva do Éden puderam
mudar o princípio relacional entre Deus e os homens. Podemos ver Deus
conversando com Caim, com Noé e seus filhos e chamando Abraão para formar uma
nova nação (Gênesis 4.6,9; 6.13; 9.8; 12.1).
O autor de Hebreus nos traz uma informação importante
em relação as tentativas e tratativas de Deus para se comunicar e se relacionar
com os homens: “No passado, por meio dos
profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e de muitas maneiras” (Hebreus
1.1). Segundo o autor, “nestes últimos
dias, ele nos falou pelo Filho” (v.2), o que é comprovado por Lucas 9.30,35
onde Deus deixa claro que é por meio de Jesus, não por meio de regras - Lei
(Moisés) e Profetas (Elias) - que ele estabelece uma relação conosco.
Deus não mudou sua maneira relacional de ser. Ele
continua o mesmo e por isso busca se manifestar de forma pessoal a cada um de
nós através de Jesus Cristo “que se fez carne e habitou entre nós”. É certo que
hoje não podemos ver nem tocar na pessoa de Jesus, mas isso não significa que
não podemos nos relacionar com Ele, sim podemos através do Espírito Santo que
age para manifestar a presença de Jesus em nossas vidas.
Entender que Deus se revela através de relacionamento
e não por meio de regras, normas, princípios, doutrinas, usos e costumes é
fundamental para nossa fé. Assim se queremos conhecer a Deus e segui-lo vamos
buscar desenvolver uma relação de intimidade com ele, pois fora disso, no
máximo o que podemos alcançar é uma vida de religiosidade vazia e sem sentido.
1. DEUS
PRIORIZA RELACIONAMENTOS
Todos nós temos um relacionamento de amor e ódio com
relação às regras. Por um lado, elas nos oferecem estrutura e previsibilidade.
Por outro lado, elas restringem nossa liberdade de fazer o que queremos, quando
queremos. O problema das regras religiosas é que elas costumam ser contrárias à
natureza humana. Isso faz com que sejam muito difíceis de seguir. E assumimos que,
quando não seguimos as regras, Deus nos rejeita. Mas isso será mesmo verdade?
Para responder a essa pergunta, vejamos dois cenários
diferentes nos quais você deve seguir regras. Quando você era criança, seus
pais provavelmente tinham regras para você seguir. No entanto, no dia em que
você nasceu, sua mãe não recitou essas regras antes de te abraçar bem
apertadinho. Em um modelo familiar, o relacionamento vem antes das regras.
Agora, pense em se tornar membro de uma academia, de
um clube ou até mesmo antes de aceitar um novo emprego. O primeiro passo vai
ser assinar um contrato concordando em respeitar as regras do grupo. Em um
modelo organizacional, as regras vêm antes o relacionamento – concordar com
elas vem primeiro e infringir as regras em geral faz com que você seja expulso
do grupo.
Então, qual desses modelos reflete a maneira como Deus
age? A resposta se encontra nas regras mais famosas da história, os Dez
Mandamentos.
Primeiro, veja o seguinte contexto: os descendentes de
Abraão (o homem escolhido por Deus) tornaram-se a nação de Israel (o povo
escolhido de Deus). Para escapar da fome, eles migraram para o Egito, onde
trabalharam como escravos por quatrocentos anos. Moisés acabou por libertar os
israelitas da escravidão e foi durante a sua longa viagem de volta para casa
que eles armaram acampamento ao pé do Monte Sinai, onde Moisés recebeu as
regras de Deus.
A sequência desses eventos é importante. Ela responde
à pergunta se Deus age de acordo com o modelo familiar ou o modelo
organizacional. Deus salvou Seu povo da escravidão. Em seguida Ele lhes deu
Suas regras.
Só para ter certeza de que não vamos perder de vista,
veja aqui a primeira frase dos Dez Mandamentos, antes de qualquer conversa
sobre regras: "Eu sou o Senhor, o
teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão”. Desde o início,
Deus adotou o modelo familiar. O relacionamento está em primeiro lugar, depois
vêm as regras.
Era verdade para a nação de Israel e é verdade para
você. É o que lemos em João 1:12: “Contudo,
aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se
tornarem filhos de Deus”. Você percebeu essas últimas três palavras?
“Filhos de Deus”. Não “membros de uma associação”, mas sim filhos.
2. NÃO SÃO
NOSSOS MÉRITOS
Vivemos em um mundo que recompensa o desempenho.
Responda corretamente às perguntas do teste e você vai passar. Responda
incorretamente e você será reprovado. Acerte a maioria dos pontos e você ganha.
Marque um ponto a menos e você perde. Não há como negar que o desempenho é importante.
Essa orientação para o desempenho pode formar a nossa
opinião acerca de Deus. Quando perguntamos para as pessoas o que elas acham que
precisam fazer para ficar ou se manter ao lado de Deus, elas dão uma lista de
comportamentos – ou seja, desempenho religioso. Quase todos os aspectos da vida
funcionam dessa forma. Por que não seria assim também com Deus?
Vejamos como Deus perdoa nossos pecados. Paulo nos
oferece um resumo na passagem de hoje do livro de Efésios. “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé... não por obras”.
Começamos nossa relação com Deus mediante uma expressão de fé. Mas, muitos de
nós imediatamente voltam a julgar nosso valor “segundo as obras” – isto é, se
estamos seguindo bem as regras ou não. Os velhos hábitos são difíceis de mudar.
Assim sendo, como devemos resolver essa tensão entre
regras e relacionamento? Afinal de contas, toda religião importante ensina que
seus seguidores precisam obedecer às regras. Mas se não vamos ser expulsos da
família de Deus ao infringir as regras, para que tentar?
Vamos fazer de conta que você teve um pequeno acidente
de carro e o outro motorista não dá importância e vai embora sem acionar o
seguro. Ou o rapaz que está na fila atrás de você paga pelo seu café ao
perceber que você esqueceu sua carteira. Agora imagine se a pessoa que pagou
sua dívida dissesse: “Não quero nada em troca. Simplesmente faça para outra
pessoa o que fiz por você”. É bem provável que você procure, sem demora, uma
oportunidade para fazer o mesmo no futuro.
Tendo isso em mente, considere como João resume a vida
cristã. “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”. Devemos nos comportar a
partir da nossa imensa gratidão a Deus pela forma com que Ele nos tratou. Não
obedecemos a fim de ganhar alguma coisa. Obedecemos devido a todas as coisas
que já ganhamos. E fazemos o mesmo para com o próximo. Cem por cento do que
“fazemos” na fé cristã são respostas àquilo que Deus já “fez” por nós.
3. BUSCANDO
UM RELACIONAMENTO COM CRISTO
Ao longo da história, sempre que morre um líder de um
movimento popular, seus seguidores se unem para manter viva a mensagem e a
missão desse líder. Esse foi o caso de líderes como o profeta Maomé e o Dr.
Martin Luther King, Jr.
Mas quando Jesus foi crucificado, o movimento que Ele
começou foi interrompido bruscamente. A missão morreu com Ele, pois Ele era a
missão. Jesus não iniciou Seu movimento em torno de uma nova lista de itens em
que se deve acreditar. O cerne do seu ensinamento era, simplesmente, acredite.
Jesus pediu aos Seus discípulos que acreditassem n’Ele. Não nas suas ideias,
mas sim N’Ele. Isso se reflete na afirmação que é, possivelmente, mais
conhecida da Bíblia: “Porque Deus tanto
amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna”.
Jesus não veio para deixar Seus discípulos com uma
coleção de palavras sábias e parábolas. Do início ao fim, a missão de Jesus foi
Jesus. Portanto, não era de se surpreender que, quando seus discípulos
assistiram a Sua morte, viram o movimento morrer com Ele. Um Messias não morre.
Um Filho de Deus não pode ser assassinado. Mas lá estava Ele. Pregado em uma
cruz.
Quando Jesus morreu, ninguém acreditou que Ele era
quem alegava ser.
Não restavam mais cristãos.
No entanto, os discípulos que abandonaram Jesus após
sua morte foram os mesmos que, mais tarde, arriscaram a vida para contar aos
outros sobre Ele. E aqui estamos discutindo a respeito d’Ele dois mil anos
depois. O ponto central, aquilo que fez toda diferença, não foi algo que Jesus
ensinou. Foi o que Jesus fez – Ele voltou à vida.
Os cristãos não acreditam que Jesus ressuscitou dos
mortos somente porque a Bíblia diz isso. Os cristãos acreditam que Jesus
ressuscitou porque Mateus e João, testemunhas oculares, disseram isso.
Acreditamos porque Lucas, um médico do século I, investigou os eventos que
cercam a vida e a morte de Jesus e concluiu que Ele ressuscitou dos mortos.
Mesmo Paulo, odioso perseguidor dos cristãos, chegou a acreditar que Jesus era
o Filho de Deus que ressuscitou dos mortos.
Seguir Jesus exige fé. Especificamente, requer fé em
Jesus. Não nos ensinamentos de Jesus – na pessoa de Jesus. No âmago do
cristianismo se encontra um evento comprovado por testemunhas oculares que
perderam a fé quando Jesus morreu, mas recuperaram quando Ele ressuscitou. O
alicerce do cristianismo não é uma lista de itens em que se deve creditar, mas
simplesmente confiar.
CONCLUSÃO
Deus age para conosco a partir do modelo familiar onde
o relacionamento vem antes das regras. Por isso é muito importante buscar antes
de tudo se relacionar com Ele em lugar de obedecer doutrinas.
Por mais úteis que sejam as regras, nenhum conjunto
delas, por mais completo que seja, pode nos dar a salvação, pois isto é um
presente da graça de Deus que ganhamos quando nos relacionamos com Ele.
Por isso que o convite de Jesus é para conhece-lo e
crer nEle para segui-lo, não parar decorar uma coleção de palavras ou histórias
pensando que isso nos tornará
discípulos.
A base do cristianismo não é uma lista de regras, mas
uma vida de fé, de fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus que morreu e ressuscitou
e hoje habita em nós pelo Espírito Santo.

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