20 de jun. de 2018

O Perigo da Fé Liberal e Permissiva


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APOCALIPSE 2.12-17
PÉRGAMO: O perigo da FÉ LIBERAL E PERMISSIVA

INTRODUÇÃO

Pérgamo era a maior de todas as cidades asiáticas do ponto de vista da história. Tinha sido capital da Ásia durante quase quatrocentos anos. Com o território do reino selêucida – deixado em herança por Átalo III - Roma formou a província da Ásia, e Pérgamo seguiu sendo a capital. Sempre há algo de especial nas cidades capitais.
Sua localização geográfica fazia com que fosse ainda mais impressionante. Construída sobre uma elevada colina com vista para o Mediterrâneo (25Km de distância). Características:

(1) Pérgamo nunca teve a grandeza comercial de Éfeso ou Esmirna, mas era um centro cultural que ultrapassava essas cidades. Era famosa por sua biblioteca, que continha não menos de 200.000 pergaminhos - "pergaminho" deriva do nome da cidade, Pérgamo.
Em 300 a.C. um rei de Pérgamo quis tornar a biblioteca de sua capital a mais importante do mundo. Convenceu a Aristófanes de Bizâncio, que era bibliotecário em Alexandria, para que fosse assumir a biblioteca de Pérgamo. Ptolomeu, rei do Egito, incomodou-se tanto por este "roubo" que ditou um embargo sobre os envios de papiro para Pérgamo. Diante disso os estudiosos de Pérgamo inventaram o “pergaminho”, feito com couro alisado e encerado para que se possa escrever sobre sua superfície. O nome Pérgamo vem de “pergaminho”.
(2) Pérgamo era um dos centros religiosos mais importantes. Havia nessa cidade dois santuários famosos. Nesta carta, Cristo diz que a Igreja dessa cidade está localizada no lugar onde encontra-se o “trono de Satanás". Esta referência denota, sem dúvida, algo que para a Igreja Cristã era particularmente mau e hostil para a fé.
(a) Pérgamo defendia e apoiava o estilo de vida grego e da adoração aos deuses pagãos dessa cultura. Pelo ano 240 a. C. levantou-se um grande altar dedicado a Zeus, em frente do templo de Atenas a 250 metros de altura. Seu aspecto era o de um grande trono, na base, esculpida na pedra, havia um altar, poderia ser esse altar denominado "o trono de Satanás".
(b) Pérgamo estava relacionada de maneira especial com o culto de Esculápio. Este era o deus curandeiro; seus templos sempre estavam perto dos hospitais. Talvez fosse o templo de Esculápio o lugar chamado de "trono de Satanás", uma vez que ele se denominava o "salvador" e usava um emblema em forma de serpente (usado como símbolo da medicina).
 (3) Pérgamo era o centro administrativo da província da Ásia, retinha as funções de cidade capital e era o centro asiático do culto a César - um elemento que unificava a grande diversidade cultural e política de Roma. Para muitos povos, o governo romano tinha significado uma bênção de paz e ordem, prosperidade e justiça.
Começaram a levantar-se templos dedicados à deusa Roma. O espírito de Roma estava encarnado num homem, o imperador; foi por esta associação que se deificou a pessoa do imperador e começaram a levantar-se templos dedicados a seu culto. Foi estabelecida a obrigação de ir-se uma vez por ano ao templo de César, queimar perante seu altar um pingo de incenso e dizer: "César é o Senhor".
Há duas coisas que devem destacar-se. Em primeiro lugar, este era um ato de lealdade política mais que uma profissão de fé religiosa. Em segundo lugar, Roma nunca planejou fazer com que este culto fosse exclusivo. Tendo completado sua obrigação cívica no templo do César, o cidadão podia adorar o resto do ano no templo onde melhor lhe parecesse, sempre que sua religião não fosse ofensiva à ordem ou à decência. Mas nenhum cristão poderia aceitar a obrigação de dizer "César é o Senhor", porque para ele havia somente um Senhor, Jesus Cristo. Por isso foram perseguidos.
Pérgamo era o centro do culto a César na província da Ásia. Isto significava que os cristãos de Pérgamo viviam sob uma constante ameaça de morte. Sem dúvida é por isso que Pérgamo se denomina "trono de Satanás". Era o lugar onde se obrigava os homens a dar o nome de "Senhor" a César.
No cabeçalho da carta chama-se a Cristo ressuscitado "aquele que tem a espada aguda de dois gumes". Segundo a lei romana os governadores estavam divididos em duas categorias: os que tinham o jus gladii (a lei da espada) e os que não o tinham.
Os que possuíam o poder da espada tinham direito de morte ou vida sobre sua província; sua palavra era lei suficiente para que qualquer homem fosse executado. Do ponto de vista humano, o procônsul, que governava desde a cidade de Pérgamo, possuía o direito da espada, e em qualquer momento podia fazer uso de sua prerrogativa contra os cristãos.
A carta começa dizendo que os cristãos não devem esquecer que tal última palavra, entretanto, sempre a tem Cristo, que possui a espada afiada em seus dois gumes. O poder de Roma podia ser satanicamente aterrador; mas o poder do Senhor Ressuscitado era muito mais tremendo ainda.

1. PÉRGAMO – UM COMPROMISSO MUITO DIFÍCIL
Já vimos que em Pérgamo se concentrava a religião pagã. Adorava-se a Atenas e a Zeus, com seu magnífico altar que dominava a cidade; adorava-se a Esculápio, vindo até seu templo uma multidão de doentes dos quatro ventos; e sobretudo, em Pérgamo era onde mais exigente fazia-se o culto a César, que pendia sobre as cabeças dos cristãos como uma espada que a qualquer momento podia cair e executar sua ira.
O Cristo ressuscitado diz aos cristãos de Pérgamo, “Conheço o lugar em que habitas”. A palavra “habitar” significa ter lugar de residência fixo num lugar. Em geral utiliza-se o termo grego paroikein que significa estar de passagem, residir de maneira temporária, uma vez que os cristãos são residentes temporários, em qualquer lugar onde se encontrem no mundo. Mas os cristãos de Pérgamo deveriam ficar ali, gostassem ou não, pois ali está o trono de Satanás, o lugar onde o governo de Satanás é mais forte, onde Satanás exerce maior autoridade. Estão ali e não podem ir a outro lado, deveriam enfrentar a luta espiritual.
Aqui há algo muito importante. O princípio da vida cristã não é escapar, mas sim conquistar. As vezes pensamos que seria muito mais fácil ser cristãos em outro lugar, em outros povos, sob circunstâncias diversas; mas o dever do cristão é não evitar as dificuldades, mas dar testemunho de Cristo onde a vida o colocou.
Quanto mais difícil seja ser cristão numa situação e circunstâncias específicas, maior é a obrigação de ficar nesse lugar. Os cristãos de Pérgamo tinham que ser discípulos de Cristo no lugar onde estava o trono de Satanás, e ali era sua obrigação ficar. Se nos primeiros tempos os cristãos escapassem toda vez que encontrassem dificuldades para viver sua fé, não tinham ganhado todo um mundo para Cristo.
Por outro lado, os cristãos de Pérgamo demonstraram que era possível ser cristão sob as piores circunstâncias. Mesmo quando pesava sobre eles a ameaça do martírio, não se amedrontaram nem iniciaram a retirada. Sabemos muito pouco sobre Antipas, diz-se que morreu ao ser colocado dentro de um touro de bronze e ser aceso o fogo por baixo para que assasse. Para os cristãos primitivos ser testemunha e ser mártir era a mesma coisa. O testemunho significava muito frequentemente martírio. O cristão dos primeiros tempos sabia muito bem que ao aceitar a fé era automaticamente, se tornar réu de morte.
Aqui há algo para que nos envergonhemos. Há muitos que estão sempre dispostos a exibir seu cristianismo entre cristãos; mas assim que o círculo que os rodeia é formado preponderantemente por incrédulos, dissimulam seu cristianismo, para não serem ridicularizados, para não receberem zombaria ou desprezo.
Antipas é chamado de “testemunha fiel”, Jesus Cristo recebe o título de "testemunha fiel" e outorga sua próprio honra e nome a todos os que lhe são fiéis. É muito fácil ser cristão quando isso não ocasiona problemas sérios; mas a maior glória corresponde aos discípulos que aceitam o fato de que o testemunho e o martírio muitas vezes andam de mãos dadas.

2. PÉRGAMO – A CONDENAÇÃO DO ERRO
Em que pese a fidelidade da Igreja em Pérgamo, nela havia aqueles que viviam no erro. Havia aqueles que seguiam os ensinos de Balaão e a doutrina dos nicolaítas. Segundo os nicolaítas não havia nada mau em que os cristãos se adaptassem aos costumes do mundo, e portanto recomendavam seguir uma política de prudente compromisso quando se tratava das práticas e a moral da sociedade pagã.
O homem que não está preparado para ser diferente – separado; distinto - não deve sequer dar o primeiro passo no caminho do discipulado cristão. Devemos entender o que significa esta diferença, porque contém um paradoxo.
Paulo exorta os coríntios a ser diferentes: “Saí do meio deles”, diz-lhes (2 Cor 6:17). Esta diferença com relação ao mundo não significa que o cristão deve isolar-se e viver separado do mundo, nem que se deva desprezar, odiar ou ter em menos conta o mundo.
É o mesmo Paulo quem diz à mesma igreja: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1 Cor 9:22). Paulo afirmava que ele era capaz de dar-se bem com qualquer. Mas — e aqui está a diferença — se dava bem com todos para poder ganhar alguns. Não se tratava de baixar o cristianismo até seu nível; era questão de elevar a outros até o nível do cristianismo.
O erro dos nicolaítas era tentar rebaixar a vida cristã ao nível da vida dos pagãos antes que elevar o mundo ao nível do cristianismo. Em outras palavras, sua política ara o arranjo, e sua motivação terminantemente evitar as reações negativas que não estavam dispostos a sofrer.
O Cristo ressuscitado diz que virá e pelejará contra aqueles que estavam seduzindo, levando pelo mau caminho e tentando a Igreja. Com relação aos seduzidos, aos que tinham sido tirados do caminho correto, aqueles que tinham sido ofendidos mais que cometer ofensa, não sentia mais que piedade. A ira de Cristo é mortífera para os que fizeram outros caírem.
Jesus Cristo diz que virá e pelejará contra os tentadores com "a espada de minha boca". O autor de Hebreus fala da Palavra de Deus que é mais afiada que uma espada de dois gumes (Hebreus 4:12). E Paulo fala que "a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Efésios 6:17). A espada de Cristo é sua palavra. Nelas o pecador encontra a convicção de seu pecado; nela qualquer homem é confrontado com a verdade e obrigado a reconhecer seu fracasso ao tentar conhecer e viver a verdade.
Na palavra de Cristo temos a segurança da salvação; ela convence o pecador de seu pecado, leva-o até a cruz e lhe outorga a segurança de que não há outro nome sob o Sol, de todos os que foram dados ao homem, mediante o qual possa ser salvo, exceto o nome de Jesus (Atos 4:12). A conquista que faz Cristo é seu poder para ganhar os homens para o amor de Deus.

3. PÉRGAMO – O PÃO DO CÉU
Nesta carta o Cristo ressuscitado promete duas coisas ao homem que sair vitorioso. Promete-lhe participação no maná escondido. Esta é uma concepção judia que tem dois aspectos.
(1) Quando os filhos de Israel não tiveram o que comer no deserto, Deus lhes enviou o maná (Êxodo 16:11-15). Um vaso de maná foi guardado na arca da Aliança e colocada no tabernáculo e no Templo (Êxodo 16:33-34; Hebreus 9:4).
Para um judeu comer "do maná escondido" significava desfrutar das bênçãos da era messiânica. Jesus era o Messias, e, portanto para o cristão, comer do maná escondido significava ingressar na bem-aventurança do Novo Mundo.
(2) Mas é possível encontrar um significado mais amplo. Em nosso texto "maná" pode significar "alimento celestial". Se este fosse o caso, João estaria dizendo, "neste mundo vocês não podem participar dos banquetes pagãos; não podem sentar-se a comer carne que fez parte de um sacrifício dedicado a ídolos". O Cristo ressuscitado estaria dizendo, então, que é preciso abster-se das seduções deste mundo se quiser participar nas bênçãos do céu.
(3) Há ainda outra interpretação possível. Alguns sugeriram que o maná escondido é o pão que se oferece na Ceia do Senhor. Se o maná escondido e o pão da vida são o mesmo, o maná escondido não é somente o pão do sacramento, mas sim Jesus Cristo mesmo em pessoa, que é o pão da vida, e aqui temos uma promessa de Jesus Cristo: que Ele mesmo se dará aos que lhe sejam fiéis.

4. PÉRGAMO – A PEDRINHA BRANCA E O NOME NOVO
A última promessa do Jesus ressuscitado aos fiéis em Pérgamo é que lhes dará uma pedrinha branca com um nome novo escrito nela. No mundo antigo uma pedra branca podia significar muitas coisas distintas.
(1) Segundo uma lenda rabínica ao cair o maná do céu também caíam pedras preciosas. A pedrinha branca, neste caso, representaria os preciosos dons de Deus a seu povo.
(2) No mundo antigo usavam-se ábacos feitos com pedras de cores. Assim, os cristãos são reconhecidos entre a multidão.
(3) Nos tribunais antigos usavam-se pedrinhas brancas (inocente) e negras (culpado) para registrar o veredicto dos jurados. Aqui significaria que o cristão fiel é declarado inocente no tribunal celestial, pelos méritos de Cristo.
(4) Na antigüidade usava-se um objeto chamado tessera, tê-lo era sinal de algum privilégio especial. Três destas tesserae têm um interesse especial para nós.
(a) Em Roma as grandes "casas" (famílias) tinham seus "clientes", estes recebiam alimentos e vestido das famílias mais ricas, para isso tinham uma tessera que os identificava como merecedores desses presentes. Isto significaria que o cristão possui o direito e o privilégio de receber gratuitamente de Cristo o dom da vida.
(b) Uma das maiores honras no mundo antigo era a vitória nos jogos atléticos. Os vencedores em geral recebiam uma tessera que creditava sua qualidade de tais e que lhes permitia livre acesso aos jogos, espetáculos e diversões públicas. Isto significaria que o cristão é o atleta vitorioso de Cristo que recebe seu prêmio e participa da honra e glória de seu Senhor.
(c) Os grandes gladiadores eram os heróis mais admirados por Roma e devia pelejar até a morte. Mas se algum gladiador tinha honras especiais, era permitindo que se aposentasse e recebiam uma tessera. Isto significaria que o cristão fiel que, tendo provado sua coragem na batalha da vida, pode desfrutar do descanso que Cristo lhe concede.
 (5) Na antigüidade os dias especialmente felizes e bem-sucedidos se denominavam "dias brancos". Os trácios costumavam guardar numa urna uma pedra branca por cada dia feliz, e uma pedra preta para cada dia infeliz; ao morrer contavam as pedras para saber se o homem tinha tido uma vida feliz ou triste. Isto significaria que graças a Jesus Cristo o cristão fiel pode ser feliz e desfrutar da vida, uma alegria que nada nem ninguém poderá lhe tirar (João 16:22).
(6) Há uma possibilidade mais, que talvez seja a correta. Um dos costumes mais generalizados no mundo antigo era levar consigo algum amuleto ou encantamento. O mais comum, era que fosse um canto rodado, sobre o qual se escrevia o nome de um deus. Este tipo de amuleto era muito mais poderoso se somente seu possuidor sabia o nome que tinha escrito.
O mais provável é que João esteja dizendo: “Os pagãos portam amuletos com inscrições supersticiosas neles. Pensam que esses amuletos lhes trazem boa sorte e segurança. Vocês não necessitam tal coisa, porque conhecem o nome do único Deus verdadeiro e isso lhes é suficiente para estarem sempre seguros, na vida ou na morte”. O pagão colocava sua confiança num amuleto supersticioso; o cristão tem sua confiança no nome de Deus.

5. PÉRGAMO – REBATIZADA POR DEUS
É possível que tenhamos que buscar o significado do novo nome e da pedra branca numa direção completamente diferente.
As palavras branco e novo são características de Apocalipse, sendo que o branco é a cor do céu. No Apocalipse nos deparamos com as vestimentas brancas (3:5), túnicas brancas (7:9), linho branco (19:8, 14) e o grande trono branco de Deus (20:11).
Em grego a palavras "novo" (kainos) significa que não somente é de feitura recente, mas sim nada igual foi feito antes. Introduz na experiência humana algo totalmente desconhecido. Assim temos uma nova Jerusalém (3:12), uma nova canção (5:9), novos céus e nova terra. Diz-se, fazendo uso desta palavra, que Deus faz novas todas as coisas (21:5). Tendo em conta estas observações, sugeriram-se duas linhas de pensamento.
Sugeriu-se que a pedra branca é o crente; que o Cristo ressuscitado está prometendo aos que forem fiéis um novo eu, uma nova vida, um novo caráter, purificado de todos os pecados e manchas desta Terra, que brilhe com a mesma pureza do céu. A pedra branca, neste caso, seria o crente fiel, recriado e feito novo.
Quanto ao novo nome — uma das características do Antigo Testamento é que quando um personagem adquire uma função ou nível diferente em geral lhe é dado um novo nome (Abrão torna-se Abraão; Jacó torna-se Israel). Isaías ouve uma promessa de Deus à nação de Israel: “serás chamada por um nome novo, que a boca do SENHOR designará” (Isaías 62:2).
Este costume de pôr um novo nome à pessoa que muda de nível ou papel era conhecido também pelos pagãos. O novo nome assinalava a natureza de sua nova função. Neste caso, então, Cristo promete um novo papel e nível aos que lhe são fiéis; concede-lhes entrar em sua glória, sentar-se em seu trono e converter-se em reis e sacerdotes seus.
Esta interpretação é muito interessante. Sugere que a pedra branca significa que Jesus Cristo dá a todos os que lhe são fiéis um novo eu e um novo caráter; e sugere que o nome novo significa um novo caráter. Sugere que o homem novo significa um novo status de honra e glória, que assumem todos os que se mantiveram leais a Cristo quando termina esta vida e começa a outra.
(Comentário de William Barclay)

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