22 de mai. de 2018

Libertos, Mas Ainda Escravos



NÚMEROS 11.1-9
LIBERTOS, MAS AINDA ESCRAVOS.

INTRODUÇÃO
O povo de Israel ficou escravo no Egito por 430 anos (Ex 12.40,41). Durante este tempo eles trabalhavam pesado para construir as grandes edificações planejadas pelos Faraós (Ex 1.11,12). Quando se inicia a queda de braços entre Moisés e Faraó pela libertação, este oprime ainda mais os israelitas com mais serviços pesados (Ex 5.6-9). Podemos imaginar que a vida dos israelitas no Egito não era muito fácil, trabalhando de sol a sol, em serviços pesados sem pagamento.
Depois de uma longa e amarga experiência devido a dureza de coração do Faraó, o Egito é assolado com diversas catástrofes, culminando então na “permissão” dada para o povo poder marchar em liberdade em direção à terra de Canaã. Além dos 600 mil homens israelitas, uma grande mistura de pessoas estrangeiras também saíram, todos acompanhados dos seus rebanhos e manadas (Ex 12.37,38).

Passada a euforia da saída, e diante da realidade do deserto, não demorou para começar as reclamações, principalmente pela falta de comida e de água (Ex 16.2,3; 17.1-3). Supridas estas necessidades, o povo faz uma parada no Monte Sinai, onde Deus entrega a Lei e o tabernáculo é construído. Depois disso começa de fato a marcha em direção a terra de Canaã, uma jornada que duraria um mês, dura quarenta anos.
Bondosamente Deus guiava e protegia o povo se manifestando em forma de nuvem (Nm 11.34,35). Deus também os protegia por meio de uma coluna de fogo a noite para aquecer do frio e uma nuvem de dia para proteger do sol do deserto. Após três dias de caminhada, o povo já começou a queixar-se, blasfemando contra o Senhor.

1. MANIFESTA INGRATIDÃO POR AQUILO QUE USUFRUI – v.1
A ingratidão se revela através da queixa e da murmuração. Este comportamento é recorrente durante esta jornada pelo deserto e foi por este motivo que aquela geração pereceu no deserto (Nm 14.27,29). Para eles nada estava bom e ao agrado deles, talvez pelas expectativas que haviam criado de como seria aquela jornada no deserto.
Murmurar é fazer uma confissão negativa. É queixar da vida, criticar outros, achar erro em tudo ou espalhar boatos. Isso é murmuração. Ser maldizente é difamar outros, blasfemar e usar linguagem profana. Esta ingratidão que se manifesta através de queixas e murmurações tem sua fonte na dureza de coração.
Para aquelas pessoas as condições de liberdade no deserto eram piores que as condições de escravidão no Egito. Isso revela a ingratidão. Isso demonstra que eles, apesar de livres, ainda estavam escravos, não haviam entendido a dimensão daquela nova condição de vida que estavam tendo, e de onde isto os levaria, bem como de todos os benefícios futuros.
O que Deus espera de nós é uma atitude diferente desta apresentada pelo povo, Ele espera que tenhamos um coração grato por cada manifestação de Sua imensa graça sobre nós, e que entendamos, que ainda estamos a caminho do nosso descanso eterno e que para chegar lá, precisamos nos submeter em completa dependência do Senhor.
Infelizmente encontramos pessoas que a pesar de participar de uma igreja local e se beneficiar de tudo aquilo que esta igreja oferece, ainda assim murmura contra ela e contra as demais pessoas que lá congregam. Normalmente aqueles que mais reclamam são os que menos fazem, menos contribuem, menos se envolvem. Deus não se agrada com esta atitude.

2. LEVA UMA VIDA CARNAL, BUSCANDO PRAZERES. v.4
Não foram somente os israelitas que saíram do Egito, haviam muitos estrangeiros e, muito provavelmente, egípcios naquela imensa caravana. Se por um lado os hebreus queixavam e murmuravam, do outro, os estrangeiros que pegaram carona vislumbrando uma condição de vida melhor, começaram a sentir falta das comidas do Egito. Este desejo carnal contaminou os hebreus que também começaram a reclamar.
A condição de liberdade no deserto foi ofuscada pela lembrança do paladar das comidas do Egito. À eles o que importava era o prazer da carne, não a liberdade. Eles não precisavam mais fazer tijolos nem construir monumentos numa jornada de trabalho exaustiva. Agora eles só precisavam marchar em direção a sua vida nova e livre.
Mas como eles ainda estavam escravos, logo passaram a sentir falta daquilo que lhes dava prazer no Egito, que era justamente a comida, mesmo que para tê-la, eram obrigados a trabalhos forçados, sofrimento, humilhação, vergonha. Os prazeres da carne focam em si mesmo como único fim: a satisfação; não importando o que está em jogo para ter esta satisfação, ou tudo o que foi perdido para obter este fim.
Esta premissa ainda continua destruindo vidas. Quando se busca o prazer da carne através das drogas, do sexo, da diversão, etc., os olhos ficam cegos para tudo mais que está ao redor. Não importa se a vida será abreviada e a morte chegará ainda na juventude. Não importa se o casamento ou a família será esfacelada. Não importa se as demais pessoas ao redor serão esquecidas. O importa é o prazer da carne.
Quando deixamos que os prazeres da carne que são coisas secundárias tomem conta dos nossos pensamentos, esquecemos daquilo e, principalmente, de quem é essencial. Esquecemos de Deus, da família, dos filhos, das verdadeiras amizades.
Nesta jornada rumo a eternidade enfrentaremos dificuldades e passaremos por privações. Não podemos levar tudo aquilo que pertencia ao nosso velho homem. Infelizmente muitos ainda não entenderam que espiritualmente, não podemos levar o Egito junto para Canaã, ou seja, não podemos caminhar para a eternidade levando conosco o velho homem.


3. COMETE ATOS DE INJUSTIÇA CONTRA DEUS. v.5,6
Ao reclamar pela falta das comidas do Egito, o povo comete outra grande injustiça contra Deus: menosprezam o alimento que vinha dos céus. O maná que eles passaram a comer no deserto era recolhido todas as manhãs após secar o orvalho (Ex 16). Era semelhante a uma semente, geralmente era moído, cozido, e assado, sendo transformado em bolos. Diz-se que seu sabor lembrava bolo de mel.
Além disso a injustiça estava em afirmar que comiam “de graça no Egito”. Ora, como assim de graça. Eles eram escravos, não recebiam salários, trabalhavam duro em troca da comida, mas foram tomados pela amnésia e esqueceram que nada era "de graça" no Egito, pelo contrário, o preço que pagavam era muito alto.
Sem contar o tom de desdém e deboche com o qual se referiram a condição de vida no deserto e principalmente, ao maná que comiam (v.6). Eles afirmam que estavam “definhando”, até parece que no Egito eles tinham uma boa condição de vida. Sobre o alimento usaram uma expressão pejorativa “este maná”, como que dissessem “esta porcaria, este lixo, esta gororoba, etc”.
A leitura injusta que faziam daquela realidade era que não tinham nada, quando na verdade tinham tudo. No Egito eles de fato não tinham nada: não tinham liberdade; não podiam adorar a Deus; não podiam plantar, edificar, armazenar para si, tudo o que faziam era para o Faraó. Agora do deserto eles tinham tudo, eram livres, podiam adorar a Deus, podiam passar tempo com sua família, e logo estariam em Canaã, plantando, colhendo, construindo.
À semelhança dos hebreus, hoje podemos deduzir que ainda haja quem prefira uma vida de escravidão nos prazeres do pecado do que a plena liberdade em Jesus. Esta é a maior injustiça que pode ser cometida diante do tão grande amor de Deus demonstrado através da Cruz. Trocar uma vida e a eternidade em liberdade por alguns momentos de satisfação e prazer nos pecados deste mundo, é sim uma inversão de valores.
A pessoa que experimenta um pouquinho que seja do amor de Deus, deve perceber que este pouco já é muito maior se comparado com aquilo que ela recebia quando andava no pecado. Outra percepção deve ser no sentido que o preço que era pago quando vivia em trevas era muito maior que o pequeno sacrifício exigido por Deus para caminhar em Sua presença em direção a eternidade.

CONCLUSÃO:
Os israelitas estavam livres, a caminho de Canaã e nas primeiras dificuldades reclamaram, murmuram e se queixaram por não haver abundância de água ou comida.
Perder o foco daquilo que é realmente importante é extremamente prejudicial e comprometedor. As consequências serão desastrosas. Os prejuízos incalculáveis.
Olhe ao seu redor e identifique o que essencial em sua vida. Então não deixe que o resto o atrapalhe na busca daquilo que de fato é importante.

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