Texto: Lucas
10.30-35
Tema: Nem
Meu, Nem Seu, Mas Nosso...
Introdução:
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Um dos maiores
obstáculos para demonstrar a compaixão é fazer prejulgamentos a respeito de
quem consideramos merecedores dela. As vezes nos colocamos no lugar de Deus e
sentenciamos uns ao desprezo e abandono julgando-os indignos de receber um
gesto fraterno.
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Jesus conta esta
parábola para responder a um mestre da lei sobre “quem era o seu próximo”
(v.29);ou seja, quem se qualifica como digno dos nossos atos de bondade. Tocar
neste tema às vésperas do Natal não é constrangedor, afinal, o tal “espírito”
de Natal está em alta nestes dias.
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Jesus falou a
respeito de um homem que viajava por uma estrada entre Jerusalém e Jericó,
reconhecidamente muito perigosa. Nesta viagem ele foi assaltado, agredido e
abandonado. Este homem representa uma gama de pessoas igualmente rejeitadas ao
nosso redor.
1. DESPREZO EM LUGAR DE AUXÍLIO
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Na parábola Jesus
usa personagens distintos para falar sobre amor, compaixão e misericórdia. O
homem assaltado era um judeu, seus algozes muito provavelmente não eram judeus,
mas o sacerdote e o levita sim, e ainda mais, ministravam no templo em favor de
outros judeus; e temos o samaritano.
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Estes personagens nos ensinam uma lição de
vida muito simples e recorrente: as vezes aquelas pessoas das quais esperamos
um gesto de bondade, são as primeiras a nos ignorar, mas Deus não nos
desampara, enviando socorro e provisão de onde menos esperamos.
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Era de se esperar
um gesto de misericórdia do sacerdote e do levita. Eles eram ministros de Deus
em favor do povo. Eles ensinavam os preceitos da Lei. Eles deveriam ser os
primeiros a se colocar como instrumentos para mudar a situação daquele homem
ferido.
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Como isto é
frustrante e imensamente capaz de nos ferir. Muito mais que marcas no corpo, o
desprezo de quem está próximo de nós deixa marcas na alma, as quais são
difíceis de sarar. O desprezo, o abandono, a insensibilidade de pessoas
próximas causam traumas irreparáveis.
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Mas temos um Deus
que nos acolhe e jamais nos esquece (Sl 27.10; Is 49.15). Ele envia seus
mensageiros para nos proporcionar aquilo que não recebemos de quem esperamos.
Precisamos ter maturidade para saber lidar com estas situações, elas serão
recorrentes em nossa vida.
2. AUSÊNCIA TOTAL DE AMOR
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A atitude dos
salteadores é danosa para as relações humanas, pois ela revela o lado obscuro
de uma forma de pensar a vida e de como agimos em relação ao que não temos e ao
que os outros têm e como agimos para nos apropriar do que não é nosso.
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O pensamento dos
salteadores se resume no seguinte: “O que
é teu não é só teu, pode ser meu também, vou tomar de você”. Foi exatamente
isto que fizeram empregando toda força necessária para tal, agindo com
violência e sem compaixão ou piedade.
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Não é difícil
encontrar pessoas que vivem e agem assim. Não se importam o quanto custou,
quanto tempo demorou, o que os outros tiveram que sacrificar para conseguir
chegar onde estão ou possuir o que têm. Elas simplesmente se acham no direito
ter algo que não é seu.
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Esse
comportamento afeta as relações de trabalho – patrões e empregados; as relações
familiares – entre cônjuges, pais e filhos; as relações sociais – entre
vizinhos; até as relações espirituais – entre líderes e liderados ou mesmo
entre os irmãos da igreja.
3. O EGOÍSMO PREDOMINA SOBRE O AMOR
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Menos pior, mas
não por isso aprovável, foi a atitude dos religiosos, que ao ver seu
compatriota simplesmente o ignoraram, estando eles mais preocupados consigo
mesmos do que com o homem ferido no caminho.
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O pensamento dos
religiosos se resume em: “O que é meu é
só meu, não preciso dividir com você”. Mesmo que estivessem cansados depois
de trabalhar no templo, o dever de ajudar seu semelhante era justo e devido.
Mas num gesto de egoísmo, eles não se deram ao luxo de parar e dividir com o
homem ferido o que tinham.
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Este egoísmo tem
se alastrado cada vez mais entre as pessoas, dentro da Igreja, nas famílias,
nos círculos de relacionamento. Vivemos dias de intensa separação e afastamento
entre aqueles que deveriam andar juntos e compartilhando, mesmo o pouco que têm
(Atos 2.42,44-46; 4.32-35).
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O contrario de
egoísmo é o altruísmo – o pensar no bem estar do outro. A igreja e os
discípulos de Jesus precisam desenvolver este tipo de atitudes e de sentimentos
para que ela possa alcançar aqueles que foram esquecidos e estão desprezados,
sem esperança, sem Deus no mundo.
4. O AMOR VENCENDO O EGOÍSMO
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Na contramão da
atitude dos salteadores e dos religiosos, vemos como aquele samaritano
desprezado agiu em favor do homem ferido. Seu pensamento era: “o que é meu não é só meu, posso dividir com
você”. Por isso ele interrompe sua viagem para cuidar do homem.
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Este viajante não
se importou em dividir seu azeite e vinho, nem em compartilhar seu animal, e
muito menos em gastar seu dinheiro com alguém que nem ao menos sabia quem era,
um completo desconhecido. Mas foi este gesto que Jesus aprovou e elogiou.
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Tudo aquilo que
acumulamos, desde figurinhas até riquezas, ficará para outra pessoa após a
morte, e muito provavelmente não usufruiremos de tudo o que acumulamos. Mas os
tesouros eternos jamais perdem seu valor. Nunca podem ser destruídos ou
roubados.
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É fácil se deixar
levar pelas coisas terrenas, mas quando escolhemos seguir a Jesus, nossa
alegria está poder dividir, mesmo que seja o pouco que temos, com quem tem
menos ainda. O amor nos leva a dividir, já o egoísmo nos motiva a acumular sem
necessidade.
CONCLUSÃO:
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Através deste
texto Jesus nos convida a refletir sobre nossos valores, nossas intenções,
nossas motivações. Quantas vezes queremos agradar a Deus, mas não sabemos se
estamos fazendo como ele quer que seja feito.
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Todos os dias
somos levados a pensarmos exclusivamente em nós, nas nossas necessidades, em
como suprir aquilo que não temos, e assim nos tornamos egoístas e mesquinhos.
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Estamos nos
aproximando das celebrações natalinas, neste tempo as pessoas se tornam mais
amorosas, mais bondosas, mais solidárias, passam a fazer aquilo que não fizeram
o ano todo.
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Mas o verdadeiro
discípulo de Jesus vive todos os dias os princípios do evangelho e assim
compartilha da graça, bondade e misericórdia em todo tempo.
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