Texto: João 8.1-11
Tema: Vá e não peques mais
Introdução:
·
Nosso
tema do ano é: “Nossa prioridade são pessoas”. Hoje quero falar sobre esta
mulher que foi apanhada em ato de “adultério”, destacando a forma como Jesus
conduziu o caso, fazendo justiça em relação ao pecado dela, e dando a ela uma
nova oportunidade em sua vida.
·
A
prioridade dos mestres da lei e dos fariseus era preservar a letra da Lei de
Moisés, punindo severamente o ato da mulher, sem se importarem com ela como
pessoa: “de acordo com a Lei que Moisés nos
deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas”.
·
A
prioridade de Jesus era mostrar que ela era um ser humano que estava em pecado,
mas que era digna de um ato de perdão que a conduzisse à uma mudança de
atitudes: “vá e não peques mais”.
·
A partir
deste contexto devemos refletir como temos agido para com as pessoas
encontradas em pecados. Temos sido zelosos/hipócritas como os fariseus ou
amorosos como Jesus?
1. QUAL FOI O PECADO DA MULHER. (v.3-5)
·
O
apedrejamento era usado como pena em alguns casos:
o
Êxodo
19.10-12. Quem subisse ou tocasse no monte Sinai quando Deus falou com Moises
o
Levítico
20.2. Quem oferece um filho em sacrifício ao deus Moloque
o
Levítico
24.14. Quem blasfemasse contra o Senhor
o
Deut. 13.10. Quem for falso profeta ou
idólatra
o
Deut. 22.23,24. Relação sexual na cidade
entre um homem e uma moça noiva
o
Exemplos
desta punição: Acã e sua família (Josué 7.25) e Nabote (1 Reis 21.13), os
judeus quiseram apedrejar Jesus (João 10.31), Estevão e Paulo foram apedrejados
(Atos 7.59; 14.19).
1.1. Foi adultério Conjugal.
·
Ela
quebrou o 7º mandamento, pecando contra o seu cônjuge, por praticar o ato
sexual com um homem que não fosse seu esposo. Baseados nisso, os religiosos
evocaram a Lei de Moisés para poder apedrejá-la. Mas será que foi isso mesmo
que aconteceu?
·
A Lei de
Moises não especifica a punição para adultério conjugal com pena de
apedrejamento. Vejamos alguns textos: Lev. 20.10ss; Deut. 22.22-24
o
Segundo
a lei, os dois adúlteros deveriam ser mortos, no caso desta mulher, só ela foi
levada diante de Jesus, o suposto homem não.
o
Ademais,
os textos que tratam de adultério, colocam o homem como agente, ou seja, aquele
que vai ao encontro da mulher para adulterar, e não a mulher indo ao encontro
do homem, como dá a entender aqui nesta passagem de João.
o
O
apedrejamento como castigo para pecado sexual só aparece no caso de um homem
ter relação com o consentimento de uma moça que esteja noiva (Deut 22.23,24).
o
Como
advogado de defesa desta mulher, eu diria que ela não pode ser condenada a
pedradas por cometer o pecado de adultério conjugal, pois pelo contexto, não
foi este o seu pecado.
1.2. Foi adultério Espiritual.
·
Ela
quebrou o 1º e o 2º mandamentos, prestando culto a outros deuses ou fazendo e
se prostrando diante de imagens. Esta é sim uma forte possibilidade, pois a Lei
de Moisés prevê a punição da idolatria com apedrejamento.
·
Vejamos
alguns textos: Deut. 13.6-9; 17.2-7
·
Sabemos
que no AT a relação de Deus com seu povo é comparado com o relacionamento
conjugal, onde Deus representa o homem e o povo representa a mulher. Já no NT
Cristo é o noivo e a igreja é a noiva.
·
A Lei de
Moisés é explicita em normatizar a punição do pecado de idolatria ou adultério
espiritual por meio do apedrejamento, tanto para homens quanto para mulheres.
·
Portanto,
como promotor de acusação desta mulher, eu diria que pelo contexto e evidências,
ela está sendo acusada de idolatria (deve ser apedrejada) e não de adultério.
2. O TRATO COM O PECADO DOS FARISEUS. (v.6-9)
·
De
início Jesus não dá muita importância para a questão, pois sabia que eles
queriam algo para acusá-lo, continuou rabiscando na terra, ou para alguns,
escrevendo os pecados dos acusadores.
·
Se Jesus
apoiasse o apedrejamento, estaria violando a lei romana que reservava ao Estado
a execução da pena de morte em seu território. Se Jesus liberasse a mulher
daria margem para pensar que era tolerante com o adultério e violaria assim a
Lei de Moises.
·
Mas
Jesus mostrou que esses acusadores estavam desqualificados como juízes. Eles
não queriam zelar pela Lei, mas armar uma cilada contra Jesus, a mulher era só
um pretexto. Além disso, eles foram acusados pela própria consciência, que se
tornou seu juiz.
·
Dessa
forma entendemos que os pecados daqueles que conhecem a Lei, ou que estão
dentro da Igreja, devem ser sim tratados e não se deve fazer vista grossa em
relação a eles. Mas não cabe a nós ficarmos condenando, pois se nem a
consciência do individuo o acusa, não haverá mudança.
·
A forma
farisaica de tratar os pecados dentro da igreja mais afasta os pecadores do que
os restaura. Dessa forma, pecadores feridos se tornam ávidos em punir nos
outros os seus próprios pecados, formando uma falsa atmosfera de santidade e um
corpo extremamente ferido.
3. O TRATO COM O PECADO DA MULHER. (v.10-11)
·
Aquele
que não tinha pecado e poderia atirar a primeira pedra, resolve perdoar (tomar
os pecados dela sobre si) em lugar de condenar. Jesus dá para esta mulher uma
oportunidade de mudança, pois o perdão nunca é uma licença para continuar a
pecar (Rom 6.1ss).
·
Jesus
não condena a mulher como uma pessoa indigna de perdão, mas trata com bondade,
clemencia e paciência, para levá-la ao arrependimento. Uma vez que houvesse
renúncia do pecado, haveria possibilidade de salvação para aquela mulher. Isso
se aplica a todos.
·
Cristo
ofereceu a ela a salvação e o livramento da sua vida de pecado, a condenação
seria para o futuro, caso ela recusasse arrepender-se. Por mais danoso que
fosse seu pecado (adultério conjugal ou espiritual), a graça de Jesus sempre é
maior em favor do pecador (Rm 5.20-21).
·
Na
verdade Jesus estava querendo saber o quanto aquela mulher estava disposta a
mudar de vida para viver não só de acordo com a Lei de Moisés, mas sob a Graça
de Deus.
·
Se ela
estava disposta a abandonar o pecado e reescrever a história de sua vida
deixando para trás todos os seus atos de adultério, e a partir daquele momento
desfrutar de uma nova vida de santidade na presença de Deus.
CONCLUSÃO:
·
Como
discípulos de Jesus que têm como prioridade as pessoas, é isso que temos que
considerar. Não atirar pedras porque somos melhores, mas considerar o quanto a
pessoa quer uma mudança.
·
É para
nós mais cômodo ficar de longe atirando pedras e condenando os pecados dos
outros do que ir ao encontro das pessoas, estender nossas mãos para resgatá-las
da perdição.
·
A morte
daquela mulher agradaria aos líderes, mas o seu arrependimento agradou aos
céus, “Digo-vos que assim haverá alegria
no céu por um pecador que se arrepende” (Lc 15.7).
·
Como
Igreja e como discípulos a quem estamos procurando agradar? À nossa falsa
moralidade e santidade farisaica, ou ao nosso Deus santo e gracioso para com
todos os pecadores?

Nenhum comentário:
Postar um comentário