31 de jan. de 2017

Vá e não peques mais


Texto: João 8.1-11
Tema: Vá e não peques mais

Introdução:
·         Nosso tema do ano é: “Nossa prioridade são pessoas”. Hoje quero falar sobre esta mulher que foi apanhada em ato de “adultério”, destacando a forma como Jesus conduziu o caso, fazendo justiça em relação ao pecado dela, e dando a ela uma nova oportunidade em sua vida.
·         A prioridade dos mestres da lei e dos fariseus era preservar a letra da Lei de Moisés, punindo severamente o ato da mulher, sem se importarem com ela como pessoa: “de acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas”.
·         A prioridade de Jesus era mostrar que ela era um ser humano que estava em pecado, mas que era digna de um ato de perdão que a conduzisse à uma mudança de atitudes: “vá e não peques mais”.

·         A partir deste contexto devemos refletir como temos agido para com as pessoas encontradas em pecados. Temos sido zelosos/hipócritas como os fariseus ou amorosos como Jesus?

1. QUAL FOI O PECADO DA MULHER. (v.3-5)
·         O apedrejamento era usado como pena em alguns casos:
o   Êxodo 19.10-12. Quem subisse ou tocasse no monte Sinai quando Deus falou com Moises
o   Levítico 20.2. Quem oferece um filho em sacrifício ao deus Moloque
o   Levítico 24.14. Quem blasfemasse contra o Senhor
o   Deut. 13.10. Quem for falso profeta ou idólatra
o   Deut. 22.23,24. Relação sexual na cidade entre um homem e uma moça noiva
o   Exemplos desta punição: Acã e sua família (Josué 7.25) e Nabote (1 Reis 21.13), os judeus quiseram apedrejar Jesus (João 10.31), Estevão e Paulo foram apedrejados (Atos 7.59; 14.19).
1.1. Foi adultério Conjugal.
·         Ela quebrou o 7º mandamento, pecando contra o seu cônjuge, por praticar o ato sexual com um homem que não fosse seu esposo. Baseados nisso, os religiosos evocaram a Lei de Moisés para poder apedrejá-la. Mas será que foi isso mesmo que aconteceu?
·         A Lei de Moises não especifica a punição para adultério conjugal com pena de apedrejamento. Vejamos alguns textos: Lev. 20.10ss; Deut. 22.22-24
o   Segundo a lei, os dois adúlteros deveriam ser mortos, no caso desta mulher, só ela foi levada diante de Jesus, o suposto homem não.
o   Ademais, os textos que tratam de adultério, colocam o homem como agente, ou seja, aquele que vai ao encontro da mulher para adulterar, e não a mulher indo ao encontro do homem, como dá a entender aqui nesta passagem de João.
o   O apedrejamento como castigo para pecado sexual só aparece no caso de um homem ter relação com o consentimento de uma moça que esteja noiva (Deut 22.23,24).
o   Como advogado de defesa desta mulher, eu diria que ela não pode ser condenada a pedradas por cometer o pecado de adultério conjugal, pois pelo contexto, não foi este o seu pecado.
1.2. Foi adultério Espiritual.
·         Ela quebrou o 1º e o 2º mandamentos, prestando culto a outros deuses ou fazendo e se prostrando diante de imagens. Esta é sim uma forte possibilidade, pois a Lei de Moisés prevê a punição da idolatria com apedrejamento.
·         Vejamos alguns textos: Deut. 13.6-9;  17.2-7
·         Sabemos que no AT a relação de Deus com seu povo é comparado com o relacionamento conjugal, onde Deus representa o homem e o povo representa a mulher. Já no NT Cristo é o noivo e a igreja é a noiva.
·         A Lei de Moisés é explicita em normatizar a punição do pecado de idolatria ou adultério espiritual por meio do apedrejamento, tanto para homens quanto para mulheres.
·         Portanto, como promotor de acusação desta mulher, eu diria que pelo contexto e evidências, ela está sendo acusada de idolatria (deve ser apedrejada) e não de adultério.

2. O TRATO COM O PECADO DOS FARISEUS. (v.6-9)
·         De início Jesus não dá muita importância para a questão, pois sabia que eles queriam algo para acusá-lo, continuou rabiscando na terra, ou para alguns, escrevendo os pecados dos acusadores.
·         Se Jesus apoiasse o apedrejamento, estaria violando a lei romana que reservava ao Estado a execução da pena de morte em seu território. Se Jesus liberasse a mulher daria margem para pensar que era tolerante com o adultério e violaria assim a Lei de Moises.
·         Mas Jesus mostrou que esses acusadores estavam desqualificados como juízes. Eles não queriam zelar pela Lei, mas armar uma cilada contra Jesus, a mulher era só um pretexto. Além disso, eles foram acusados pela própria consciência, que se tornou seu juiz.
·         Dessa forma entendemos que os pecados daqueles que conhecem a Lei, ou que estão dentro da Igreja, devem ser sim tratados e não se deve fazer vista grossa em relação a eles. Mas não cabe a nós ficarmos condenando, pois se nem a consciência do individuo o acusa, não haverá mudança.
·         A forma farisaica de tratar os pecados dentro da igreja mais afasta os pecadores do que os restaura. Dessa forma, pecadores feridos se tornam ávidos em punir nos outros os seus próprios pecados, formando uma falsa atmosfera de santidade e um corpo extremamente ferido.

3. O TRATO COM O PECADO DA MULHER. (v.10-11)
·         Aquele que não tinha pecado e poderia atirar a primeira pedra, resolve perdoar (tomar os pecados dela sobre si) em lugar de condenar. Jesus dá para esta mulher uma oportunidade de mudança, pois o perdão nunca é uma licença para continuar a pecar (Rom 6.1ss).
·         Jesus não condena a mulher como uma pessoa indigna de perdão, mas trata com bondade, clemencia e paciência, para levá-la ao arrependimento. Uma vez que houvesse renúncia do pecado, haveria possibilidade de salvação para aquela mulher. Isso se aplica a todos.
·         Cristo ofereceu a ela a salvação e o livramento da sua vida de pecado, a condenação seria para o futuro, caso ela recusasse arrepender-se. Por mais danoso que fosse seu pecado (adultério conjugal ou espiritual), a graça de Jesus sempre é maior em favor do pecador (Rm 5.20-21).
·         Na verdade Jesus estava querendo saber o quanto aquela mulher estava disposta a mudar de vida para viver não só de acordo com a Lei de Moisés, mas sob a Graça de Deus.
·         Se ela estava disposta a abandonar o pecado e reescrever a história de sua vida deixando para trás todos os seus atos de adultério, e a partir daquele momento desfrutar de uma nova vida de santidade na presença de Deus.

CONCLUSÃO:
·         Como discípulos de Jesus que têm como prioridade as pessoas, é isso que temos que considerar. Não atirar pedras porque somos melhores, mas considerar o quanto a pessoa quer uma mudança.
·         É para nós mais cômodo ficar de longe atirando pedras e condenando os pecados dos outros do que ir ao encontro das pessoas, estender nossas mãos para resgatá-las da perdição.
·         A morte daquela mulher agradaria aos líderes, mas o seu arrependimento agradou aos céus, “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende” (Lc 15.7).

·         Como Igreja e como discípulos a quem estamos procurando agradar? À nossa falsa moralidade e santidade farisaica, ou ao nosso Deus santo e gracioso para com todos os pecadores?

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