Hoje falamos
sobre “Um Coração Transformado” com base no texto de Habacuque 3.1-19, onde
temos por ideia central “A genuína adoração a Deus é resultado de uma profunda
mudança no coração”.
Não
conseguimos admirar Deus de uma maneira verdadeira porque nosso coração é
encoberto por muitos pecados, até sabemos quem Deus é, mas reagimos como Jó “eu
te conhecia de ouvir falar” (Jó 42.5). Mas a atuação de Cristo em nossa vida,
através do seu Espírito Santo, remove toda casca do nosso coração, toda muralha
que nossos pecados criaram, então, podemos completar a frase de Jó “agora meus
olhos te veem”.
É preciso recuperar nossa admiração por Cristo. Ele é descendente prometido que resolveu
nosso maior problema, a morte. Ele
arrancou de nós a maldição imputada pelo pecado. Somos livres, somos salvos,
porque o filho de Deus interveio em nossa vida. Na cruz toda nossa sede de
justiça é saciada. Na cruz toda nossa inconformidade é pacificada. Na cruz todo
nosso desespero é tratado. Na cruz todo nosso coração é curado. Por essas e
muitas outras razões devemos adorar com intensa profundidade o nosso Senhor. E
isso satisfaz completamente nossa alma.
Para me
transformar em adorador a Deus é necessário que haja transformação do meu
coração. (v.1-2) Esta transformação envolve três coisas:
a) Confissão,
isto é dizer: “Senhor sei que estou errado. Sei que preciso mudar minha
trajetória”. É possível que alguns nem consigam fazer isso sozinho. Por isso
devemos buscar ao Senhor com todo nosso coração. A mulher fenícia (Marcos
7.23-30) ela se contentou com o que sobrava da mesa do rei. Não merecemos nada,
mas um pouquinho somente de Deus, já é muito para quem não tem nada. Eu temo
que muitas pessoas não consigam crescer espiritualmente, porque acreditam que
Deus é quem precisa deles. Fazem o que querem,
da forma que desejam e depois
esfregam na cara de Deus e pedem seu carimbo de endosso. Nunca vão perceber
quem Deus é, se não houver um profundo quebrantamento em suas vidas, uma
confissão de pecados, muito sincera.
b) O Temor nos
leva à certeza de que Deus manifesta sua graça aos fiéis, mas pune com justiça
os infiéis. Será que nós temos isso? Às vezes não. Aparente até parece que
cremos assim, mas na prática não. Por quê?
Porque alguns crentes insistem em levar a vida numa boa. Curte e
conserva os pecados. Não cresce espiritualmente. Não se envolve com a
santidade, não entende que é membro de um corpo. Tenha temor a Deus. Deus vai
pedir a todos nós por atos que cometemos (II Coríntios 5.10). Só que não
acreditamos nisso. O fato de não acreditarmos não significa que isso é uma
mentira. O fato de crer ou não no julgamento de Deus, não altera o fato de que
ele cumprirá sua palavra.
c) Sede de justiça.
Jesus disse: “bem aventurados, os que têm sede e fome de justiça porque serão
fartos”. (Mateus 5.6). É difícil definir exatamente o que o profeta desejava. Pode
ser um avivamento espiritual que havia acontecido um pouco antes no reinado de
Josias. Pode ser também a manifestação da justiça de Deus em forma de punição e
disciplina, ocorrido na história. De qualquer forma as queixas levantadas no
capítulo 1, são satisfeitas aqui. Ele percebeu que Deus não estava parado “faze-as
conhecidas em nosso tempo”. Deus continua muito ativo. O pecado não permite que
nós enxerguemos isso, mas quando somos transformados, então podemos contemplar
a mão do Senhor em nossos dias.
Depois de
transformados, então conseguiremos contemplar o poder de Deus. (v.3-6). Temã
era uma região de altas montanhas – até certo ponto inacessível devido os
equipamentos rudimentares. Parã era também uma região exuberante e montanhosa,
mas também com desertos – da mesma forma ainda inacessível. O que é apreciado
neste trecho? Majestosa Glória de Deus (v.3-6). A glória revelada num tom de
ira de Deus (Números 13.1-2) quando os espias voltam depois de olhar a terra de
Canaã. Em Números 14.8 vemos o parecer de fé de Josué e Calebe. No verso 14.10a
vemos o parecer de incredulidade do povo, e por fim nos versos 10b-12 temos o
parecer justo de Deus que manifesta sua glória o que vai trazer condenação aos
rebeldes. Esta glória é descrita de quatro maneiras:
a) Grande Esplendor
de Deus (v.4). Descritos como a luz e relâmpagos que cortam os céus. A
semelhança do fato em Números 14.20-23 onde a gloria do Senhor encheria toda a
terra.
b) O Poder
assolador de Deus (v.5). Cinco pragas iam adiante dele; doenças terríveis
seguiam os seus passos. É possível que seja uma referencia às 10 pragas do
Egito. Uma vez que os judeus tinha uma grande consideração pela história,
principalmente, porque viam a história do ponto de vista teológico.
c) Destruição
natural provocada por Deus (v.6a). Dilúvio e outros tremores de terra, que são
descritos como parte da soberania e poder do Senhor.
d) Atributo Eterno
de Deus (v.6b). Ele é eterno, existe e age assim desde a eternidade. Os passos
do Senhor estão por toda a terra, não há nada que ele não conheça.
Depois de
transformados, então conseguiremos contemplar a justiça de Deus. (v.7-12). Cusã
e Midiã eram duas cidades dos inimigos. A justiça se manifestou através da ira do
Senhor (v.7-8). Ele não pergunta se Deus está irado, ele pergunta com quem Deus
está irado. Todos estão debaixo da ira de Deus (Efésios 2.3). Deus enfrenta o
mar e os rios, assim como no êxodo, deu ordem ao mar para se abrir. A justiça
se manifestou através do castigo do Senhor (v.9-12). Deus como um Guerreiro
Divino faz tremer as nações e as pisoteia, o que nos dá a ideia de poder e
justiça. Até a natureza sente o poder de Deus, a terra é fendida, os rios, os
montes, os corpos celestes, tudo é afetado pelo poder de Deus.
Depois de
transformados, então conseguiremos contemplar a salvação de Deus (v.13-15).
Esta Salvação prometida (v.13) estava pautada numa promessa de esperança, de salvamento
feito ao seu povo. Em vez de fazer vista grossa para o procedimento errado ou
de permitir que a opressão de seu povo fique sem castigo, Deus se lembra de sua
aliança e age em favor deles. Aqui temos a resposta de Deus às queixas de
Habacuque – seu povo será salvo. Esta salvação envolvia a destruição do inimigo
(v.14). O inimigo esperava vitória e apossar-se dos bens dos vencidos, mas em
vez de triunfar eles serão derrotados para surpresa do povo de Deus que estava
sendo oprimido. Aqueles que estavam sendo oprimidos receberão os benefícios da
poderosa vitória de Deus.
Depois de
transformados, então conseguiremos contemplar a fidelidade de Deus (v.16-19). O
profeta fala descrevendo suas próprias experiências. Suas perguntas são
respondidas de uma forma que ele é capaz de pronunciar uma das mais vigorosas
declarações de fé registradas nas Escrituras. Ele começa expressando o medo (v.16a).
A resposta de Habacuque não se interrompe com o medo. Ele possui um
relacionamento íntimo com Deus para ser capaz de questionar e depositar a fé
nele, crendo que ele agirá. Depois expressa sua convicção (v.16b). Confiando no
caráter de Deus ele espera a providencia contra os invasores, a punição para os
ímpios, mas a alegria para os que seguem a Deus. E por fim expressa uma confiança
absoluta em Deus (v.17-19). Ele pode depositar sua fé na graça de Deus, não
apenas nas questões materiais. Embora as fontes terrenas de sustento se
esgotassem, ele não dependia delas, mas de Deus que cumpre suas promessas e é o
Deus da salvação. Habacuque pode se alegrar no seu relacionamento com Deus, sua
intimidade e relacionamentos estão firmes.
Quanta
diferença em relação ao Habacuque do começo do livro. Esta transformação de
atitude e de percepção de Deus se deu, pois havia uma fé genuína, uma confiança
plena na Palavra de Deus. A experiência de Habacuque nos ensina que somente a fé na palavra de
Deus é capaz de transformar reclamação em adoração. A reclamação sem fé na
Palavra transforma-se em rebeldia e afastamento. Que possamos em meio às
dificuldades, olhar e reconhecer os feitos de Deus ao longo da nossa história e
não apenas ficar focado na circunstancia que estou vivendo agora. Ao entender
os propósitos do Senhor, passaremos a glorificá-lo e exaltá-lo.
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