21 de out. de 2014

À Beira da Crise Espiritual

Texto: Habacuque 1.1-4
Tema: Crise Espiritual
Título: “Questionamentos, julgamentos e conceitos errados são combustível para uma crise espiritual.”


Introdução:
·         Habacuque viveu por volta do ano 605 a.C., provavelmente na porção de terra da tribo de Judá, morando na cidade de Jerusalém. Era um período de medos dos Caldeus ou babilônicos que estavam dominando sobre os povos de então.
·         Ele amava a Deus, mas desenvolveu um diálogo questionador sobre a “justeza” de suas ações. Assim nós também enfrentamos um período em que duvidamos de Deus e o questionamos. Poucos debatem abertamente, menos ainda o confrontam a respeito de suas ações sobre a humanidade. Habacuque arriscou-se em confrontar Deus.

·         O contexto político estava conturbado, Jeoaquim filho de Josias reinava, fez aliança com Egito no que tange à reforma tributária. Durante seus 11 anos de reinado fez o que era mau perante o Senhor cometendo abominações. Era caloteiro, ganancioso, assassino e praticava a extorsão.
·         Diante disso a realidade espiritual do povo era ruim, caracterizada pelo abando do Senhor e pela crescente idolatria, que conduziu a generalização do pecado, acelerando a decadência espiritual, levando o Senhor a iniciar o castigo com punição.
·         O cenário de Habacuque era de caos político e decadência espiritual, e uma eminente guerra contra os caldeus, o que gerou instabilidade social de um reino divido em eminente queda.

1. QUESTIONAMENTOS DA REALIDADE. v.2
1.1. Não sou ouvido. Habacuque fala com Deus num tom de confronto: “Até quando clamarei... Gritarei a ti...”. Ele como profeta estava intercedendo pela situação em que estavam vivendo, mas sem uma resposta de Deus ele se sente desprezado. A sensação de Habacuque era que Deus não estava ouvindo suas orações, seu clamor nem sua queixa.
Quantas vezes nos sentimos como Habacuque, oramos, clamamos, gritamos e parece que Deus não está nem aí para nossa oração. A impressão que temos é que nossa oração não está passando do nosso teto, que ela não está chegando ao trono de Graça do Senhor. Ai nós entramos em crise.
1.2. Não sou atendido. Diante do clamor de Habacuque, Deus não se manifestou, não agiu. Os inimigos continuavam marchando pondo em risco a nação de Israel e a própria vida de Habacuque. Na mente do profeta, o Senhor deveria atende-lo e livrar dos inimigos trazendo a paz e a segurança.
O silêncio de Deus muitas vezes gera em nosso coração duvidas a respeito de Deus e de suas promessas. A ausência de respostas nos levam à crises, que se não forem administradas, podem nos afastar de Deus. Pelo fato de sermos imediatistas e deterministas, não sabemos digerir o silencio de Deus em relação à nossas orações.
            1.3. Sou pressionado. Esta pressão vinha de ambos os lados: de fora os inimigos caminhavam para destruição do povo; de dentro as pessoas cobravam do profeto uma resposta positiva diante da crise. Habacuque sofria uma pressão muito grande, e esta pressão estava deixando ele conturbado.
            Não somos diferentes de Habacuque, as pessoas nos questionam e pressionam em relação às questões espirituais, cobram uma explicação pelas coisas que estão acontecendo, no trabalho, nos relacionamentos, etc. Familiares, o marido, os filhos, os irmãos da igreja, parece que todos esperam de mim uma resposta, uma solução para todos os conflitos da vida deles e da nossa.

2. JULGAMENTOS LIMITADOS. v.3
2.1. Drama Social. Os dias de Habacuque eram difíceis. A maldade dos babilônicos estava às portas, a morte ou escravidão era uma questão de tempo. A opressão financeira, emocional, psicológica, familiar, et., imperava naquela sociedade.
A sociedade está em crise, a maldade e a opressão imperam. A maldade que é fruto do pecado está cada vez mais atuante em todas as esferas da sociedade, em todas as classes sociais. A opressão reina em nosso meio, quem tem poder, dinheiro, posição, etc., oprime os que estão abaixo deles. Dessa forma a nossa sociedade entra em colapso, e o drama social se instala, trazendo desajustes e destruição.
            2.2. Drama relacional. Habacuque fala de contendas e litígios diante dele, isso nos dá uma ideia de como estavam seus relacionamentos. O cerco, a possibilidade da guerra, as cobranças, estavam afetando sua relação de profeta com o povo, e sua relação com Deus.
            Quando nossos relacionamentos começam a enfrentar contendas e litígios, começamos e viver um drama. Diante disso é preciso agir de forma sábia para que este drama não traga mais prejuízos para nós. Temos que zelas pelos nossos relacionamentos, cuidar de nossos sentimentos e das nossas emoções.
            2.3. Drama legal. O contexto de Habacuque era de destruição e violência, a lei de Deus e dos homens já não estava sendo observada. O mais forte dominava sobre o mais fraco. A injustiça que imperava não podia ser combatida, pois a lei não tinha mais valor. Cada um se via no direito de fazer que queria, sem medir as consequências.
            A realidade pela qual estamos vivendo é de destruição e violência, são estes dois fatores que reinam hoje na sociedade. Aliado à corrupção que favorece aos poderosos e oprime mais ainda o que precisa está impunidade aos culpados. Infelizmente o certo já não é certo e o errado, passou a ser o padrão legal.

3. CONCEITOS ERRADOS. v.4
            3.1. A lei é fraca. Diante de tudo o que Habacuque estava vivendo ele não podia contar com a lei para lhe defender, pois ela era fraca. A lei não contemplava prerrogativas para punir a todas as injustiças que ele estava vendo. Até mesmo a lei de Deus não produzia mais efeitos sobre o coração pecador do povo.
            Nosso conceito sobre a lei e a forma que ela é aplicada não devem ser maiores que a própria lei, seja a lei dos homens ou a de Deus. Quando julgamos que a lei é fraca, passamos a fazer a nossa própria lei, fazemos nossa própria justiça, pois achamos que estamos sendo justos. Mesmo que a lei não puna todo tipo de infração, nunca devemos ser nós mesmos a própria lei.
            3.2. A lei é nula. Pelo fato de Habacuque não ver os inimigos sendo punidos, pensou que a lei havia sido anulada, e que a devida justiça não estava sendo feita. Os inimigos marchando vitoriosos sobre o povo de Deus e o injusto prevalecendo sobre o justo, será que existe lei sendo aplicada nisto?
            É a mesma sensação que temos hoje. Parece que a lei não serve de nada. Quem fere a lei não é punido por ela, quem procura cumpri-la, acaba sendo penalizado. Isso deixa uma sensação que de nada adianta obedecer á lei, pois ela nunca está ao lado daqueles que de fato precisam dela.
            3.3 A lei é corrompida. A conclusão de Habacuque é simples, se a lei é fraca e nula, logo ela pode ser corrompida, pode ser mudada, ou vir a favorecer àquele que pode comprá-la. Justiça é algo que não se pode esperar mais, pois nem Deus estava sendo justo, aos olhos do profeta, para com o seu povo. Diante disso como esperar a justiça vinda dos homens?
            Infelizmente a sensação que temos é a mesma. A lei se corrompeu, a justiça está pervertida. Não há mais em quem confiar ou a quem recorrer. A sensação que temos é que estamos desamparados, a mercê da própria sorte.

CONCLUSÃO:
·         Quando focamos nossa atenção apenas nas realidades ao nosso redor, podemos desenvolver sensações, opiniões e conceitos errados. Habacuque vivia um conflito com sua realidade de vida, o que afetava seus julgamentos e sua percepção sobre a lei.

·         Está realidade é o combustível para a crise de fé. Por isso ele devia focar seu olhar em Deus, não na realidade social. No cap. 2.4 Deus diz que “o justo viverá por sua fé”, era nisso que ele deveria ater sua atenção. 

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