O
que é Graça? Graça significa “favor
divino não merecido”, deriva de Charis
que significa “mostrar favor para” e
assume a bondade do doador e a indignidade do receptor. Quando Charis é usada para indicar uma
atividade de Deus, significa “favor não
merecido”. A Graça e a Misericórdia têm duas distinções importantes: a
Misericórdia é universal e a Graça é particular. A Graça nunca foi oferecida a
todo o mundo. A Graça não é uma oferta. É uma dádiva não merecida e particular
no sentido que Deus outorga um favor somente a alguns e não a todos. Portanto,
a Misericórdia é universal e oferecida a todos, já a Graça é particular
destinada a alguns. O acontece quando a Graça já não é suficiente?
AS PESSOAS PASSAM A RECLAMAR
DO SENHOR (Números 11.1-3). O texto mostra o povo de Israel iniciando sua
caminhada pelo deserto em direção a terra de Canaã (10.33-36). Já no começo da
sua jornada, começaram a reclamar das condições que estavam vivendo. Segundo
eles, a escravidão no Egito era melhor que a liberdade no deserto. Deus os
visitou com sua Graça, dando liberdade, mas para eles, essa graça já não era
suficiente. Vivemos dias como aqueles. As pessoas hoje (diferente de Paulo) não
se contentam somente com a Graça do Senhor (2 Coríntios 12:9). As pessoas querem mais, mas não de Deus,
querem mais coisas materiais, momentâneas passageiras, terrenas: riqueza,
glória, fama, status. Tudo para alimentar o ego e a vaidade. É tempo de mudar
essa mentalidade. A única coisa que Deus nos prometeu foi o suprimento das
necessidades básicas (Mateus 6.33; 1 Timóteo 6.7-10; Hebreus 13.5). Se o que
você está reivindicando não é isso, cuidado, você pode estar demonstrando
insatisfação com a Graça do Senhor. Não tire Deus no sério com queixas
infantis. Não brinque com a Graça de Deus.
AS PESSOAS PASSAM A SATISFAZER OS DESEJOS DA CARNE (Números 11.4-5).
O texto
mostra a presença de estrangeiros no meio do povo. Esse grupo passou a
contaminar os israelitas, que passaram a recordar do estilo de vida que tinham
no Egito. Eles sentiam falta das comidas, que segundo eles, era “de graça”.
Nesse ponto nem lembravam mais que eram escravos, e que estavam trocando suas
vidas, a liberdade por um prato de comida, assim como fez Esaú. Quando a Graça
já não satisfaz, as pessoas sentem falta das coisas do mundo. Sentem falta
daquilo que dava prazer aos sentidos, ao paladar, às emoções. Buscam satisfazer
os desejos do agora, não se importando se agrada a Deus ou não. Os resquícios
do velho homem acabam falando mais alto. Se queremos ser contados entre os
vencedores, precisamos nos apoiar apenas na Graça. Lutar contra os desejos da
carne e buscar as coisas espirituais. Sempre vamos ter não convertidos no meio
da Igreja, sem contar que estamos rodeados de pessoas que não temem a Deus, e
querendo ou não, elas nos influenciam. Cuidado, não deixa que alguém o faça
pensar que a Graça de Deus já não é suficiente.
AS PESSOAS NÃO SE CONTENTAM
COM AS BENÇÃOS (Números 11.6-9). O texto mostra que as reclamações, não eram por não
ter o que comer, pois eles tinham o maná. Eles não estavam mais contentes com
aquilo que estavam recebendo, e por isso queriam as comidas do Egito. O
descontentamento com a Graça leva a rejeitar aquilo que o Senhor oferece
bondosa e gratuitamente. Eles não precisavam fazer nada para ter o maná, bastava
levantar cedo e recolher e preparar, diferentemente do Egito, onde tinham que
fazer tijolos para ter a comida que tanto tinham saudade. Quando a Graça não
satisfaz, as pessoas não consideram a fonte, mas sim a satisfação momentânea.
Para eles era melhor encher a barriga com aquilo que Faraó lhes dava, do que
comer o maná que o Senhor criou exclusivamente para eles. A benção do maná dos
céus não era suficiente, eles queriam algo mais. O descontentamento com a Graça
diz: “Eu determino: sai agora da minha vida”;
“Eu exijo que isso desapareça”; “Deus eu não aceito isso na minha vida”.
Mas a suficiência da Graça diz: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se
faça a minha vontade, e sim a tua” Lucas
22.42. Contente-se
com a Graça. Contente-se com as bênçãos que o Senhor têm lhe dado. Muitas vezes
aquilo que queremos além da Graça, acaba sendo substituto dela
“Pois certos indivíduos se introduziram
com dissimulação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de
nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” Judas
1:4.
A
ingratidão do coração do homem o faz pensar que a Graça do Senhor já não é
suficiente. Assim ele passa a querer as coisas que antes deixou para trás. A
ingratidão torna a pessoa obcecada por aquilo que não é o essencial em sua
vida. Não quero dizer que uma mesa farta, uma boa casa, uma condição de vida
estável seja contrario a vontade de Deus. Quero afirmar que essas coisas são
frutos da fidelidade, do compromisso, da retidão, e que não precisam ser
reivindicadas colocando Deus contra a parede. Quando nos contentamos com a Graça, o que
tivermos além dela é bem vindo, mas se
não tivermos mais nada, mesmo assim estaremos satisfeitos, pois segundo as
palavras de Paulo: “tua graça me basta”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário